A geração de criadores onchain
Estouro da bolha da creator economy irá reformular distribuição, curadoria e engajamento da produção criativa. Como as novas tecnologias elevam o gráfico social apoiado por conexões proprietárias
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O caminho para chegar ao público mínimo viável
Os primeiros testes de Jordi Van Den Bussche para elevar novos VTubers começaram em 2021. Conhecido na plataforma de vídeos como Kwebbelkop, onde acumula mais de 15 milhões de inscritos, o youtuber almejava ter um sucessor virtual.
Muito antes do boom da inteligência artificial (AI), o produtor de conteúdos argumentava sobre as vantagens de avatares baseados nesta tecnologia: eles não se cansam ou se esgotam, nunca precisam se aposentar e oferecem aos criadores uma segunda chance de corrigir erros de suas próprias carreiras iniciais.
Nesta semana, o jogador fez a estreia do seu alter ego desenvolvido com AI. Nos primeiros vídeos que foram ao ar, The Digital Kwebbelkop aparece desafiando sua versão humana em partidas de Minecraft.
Den Bussche tem simplificado a produção de vídeos com AI e está treinando VTubers para imitar criadores específicos.
Uma linhagem de influenciadores virtuais providos através de AI ainda não entrou na pauta da Meta. Por enquanto, a empresa está considerando produtos gerados pelas máquinas que ajudem a creator economy a se conectar com seus fãs.
Durante a teleconferência trimestral realizada na semana passada, na qual a controladora do Facebook divulgou uma receita de US$ 32 bilhões, Mark Zuckerberg justificou suas intenções para um possível novo negócio.
"Haverá um punhado de experiências para ajudar as pessoas a se conectarem com os criadores de conteúdo com os quais se importam, e colaborar para os criadores promoverem suas comunidades", disse Zuckerberg, segundo relatos obtidos com exclusividade pelo The Information.
Há três meses, Zuckerberg avisou que a Meta poderia introduzir agentes de AI e ferramentas de criação visual para publicações no Facebook e no Instagram.
YouTube testa AI para resumir vídeos
Trecho da reportagem do The Verge (1/8)
O Google está experimentando o uso de AI para gerar automaticamente resumos de vídeos do YouTube, de acordo com um aviso em uma página de suporte datada de 31 de julho.
A página, que vimos por meio do Android Police, observa que esses resumos serão limitados a um número de vídeos em inglês e de usuários. Eles aparecerão nas páginas de exibição e pesquisa do YouTube, e destinam-se a fornecer uma breve visão geral do conteúdo sem substituir sua descrição existente escrita por um ser humano.
“Estamos começando a testar resumos gerados automaticamente por AI no YouTube, para que seja mais fácil para você ler um resumo rápido sobre um vídeo e decidir se é adequado para você”, diz a página de suporte.
Para analisar a relevância dos movimentos da Meta e como as tecnologias emergentes trazem novas oportunidades para criadores se conectarem com seus fãs, faremos paralelos com o ensaio escrito por Evan Armstrong em que ele questiona: o que aconteceu com a creator economy?
🎥 ESTOUROU: A economia dos criadores está em uma bolha
O estrategista e capitalista de risco apoia-se em dois fatos atuais que corroboram sua previsão feita em maio do ano passado sobre a entrada do inverno para a economia do criador:
💸 Os dólares investidos caíram 86% , o que significou uma queda de US$ 123 milhões. Em comparação, o financiamento para o mercado mais amplo diminuiu cerca de 50% ano a ano
🔪 Em seguida vieram as demissões. Os gigantes do espaço tiveram problemas: Patreon cortou 17% da equipe, Linktree demitiu 17% e, alguns meses depois, mais 27% , Cameo enxugou o time em 33%, e o Substack reduziu em 14% sua mão de obra
"Na minha opinião, a tese da economia do criador desmoronou porque os investidores tinham um mal-entendido fundamental sobre quais riscos estavam subscrevendo. Eles não entendiam a indústria de mídia, não entendiam as necessidades dos criadores e não perceberam que essa era uma aposta SaaS vertical", justificou Armstrong.
O especialista reforça que um criador é uma pequena empresa que também funciona como um negócio de mídia. No ano passado, as ações deste setor tiveram seu pior declínio em 30 anos. E a crise teve continuidade em 2023, como já mostramos em algumas edições (relembre no fim deste conteúdo).
Os creators, em contrapartida, têm quatro vantagens competitivas destacadas por Armstrong:
Baixo custo dos produtos vendidos e custos operacionais: a maioria dos P&Ls terá margens brutas de 90% se não incluir o salário do criador. Também não é operacionalmente caro para ser executado
Custos de transação marginais zero: o valor de adicionar mais um assinante de e-mail a um boletim informativo, por exemplo, é essencialmente zero
Distribuição algorítmica gratuita: reduz a barreira de entrada para novos criadores
Preferência do consumidor: alguns estudos mostram que o público gosta mais de indivíduos do que de marcas
"No entanto, todas essas vantagens estão disponíveis para qualquer um que decida criar conteúdo online – há muito pouco fosso competitivo (...) Os verdadeiros vencedores da economia do criador são os agregadores de atenção e publicidade (...) As empresas que capturam a maior parte do valor são aquelas que vendem coisas que todos os criadores precisam: distribuição e monetização (Google, Facebook, Twitter) ou tecnologia de criação (Apple, Sony)", alegou o insider.
Todos estes argumentos nos levam a seguinte conclusão: as startups que escalaram são aquelas que apóiam criadores ou produtos com os quais as big techs não se preocuparam
"É nas margens, nos nichos de monetização que essas empresas têm conseguido. OnlyFans (pornô), Substack (subscrições de boletins informativos), Cameo (produto de vídeo Shoutout), Kajabi (cursos), todos tiveram sucesso porque atendem a uma necessidade de distribuição/monetização dos criadores que as grandes plataformas estão ignorando", alertou Armstrong.
Diante desta ponderação, as ferramentas desenvolvidas por meio da AI seriam suficientes para estabelecer um novo momento para a creator economy dentro das redes sociais da economia tradicional?
No Pinterest, a conversa sobre criadores desaparece à medida que a AI aumenta
Trecho da reportagem do The Information (2/8)
As palavras-chave que os executivos usam durante as teleconferências trimestrais de suas empresas fornecem uma janela para o interesse da administração no momento, ou pelo menos para o que eles querem que os investidores ouçam. No Pinterest, os executivos liderados pelo CEO Bill Ready têm sido efusivos em relação à inteligência artificial ultimamente - e, como mostra o gráfico abaixo, eles passaram muito menos tempo conversando sobre criadores.
O alto escalão da empresa falou sobre AI ou aprendizado de máquina 24 vezes no trimestre mais recente, de acordo com a análise do The Information. Em contrapartida, houve apenas duas menções a esses tópicos no primeiro trimestre de 2022. No trimestre mais recente, os executivos creditaram à AI o aumento do tempo que os usuários passam no aplicativo e disseram que a empresa também está testando recomendações de produtos com a tecnologia.
O declínio nas menções de criadores ocorre quando o Pinterest muda sua estratégia com influenciadores. No último outono, o plataforma descontinuou seu programa de recompensas, que oferecia bônus em dinheiro quando eles atingiam certas metas relativas à engajamento.
Nesta semana, a Meta lançou o AudioCraft, que permite aos usuários criarem músicas e sons por meio de AI generativa a partir de três modelos treinados com 20.000 horas de canções de propriedade da marca ou licenciada especificamente para esta finalidade, além de efeitos sonoros públicos.
A empresa acredita que a iniciativa pode inaugurar uma nova onda de músicas da mesma forma que os sintetizadores mudaram o mercado quando se tornaram populares.
Por ora, a Web3, talvez, forneça soluções mais assertivas para impulsionar a creator economy. E a música traz um arsenal de exemplos viáveis de como isso pode acontecer.
Para o cripto research cujo codinome é Kel, os NFTs musicais mostram explicitamente que há criação de valor entre produtores de conteúdo e consumidores:
"Essas plataformas potencialmente melhoram os resultados da cauda média a longa (espero) permitindo que os criadores monetizem um maior ARPU (Average Revenue Per User) de seus maiores fãs (...) Para conseguir isso, as plataformas Web3 terão que gerar receita fora do produto principal."
Kel compara as receitas geradas pelo Spotify e o Sound.xyz, uma plataforma de música onchain, para sustentar seu argumento. No líder de mercado, o artista precisa de um milhão de streams para obter US$ 4 mil. O mesmo valor pode ser conseguido no Sound através da comercialização de 400 tokens a US$ 10 cada.
📝 UMA NOVA ERA PARA O SOM: A rodada de $ 20 milhões do Sound para levar música onchain a todos artistas
A geração de criadores onchain irá nutrir novas comunidades, coordenando-as por meio de ferramentas blockchain como carteiras, tokens e armazenamento descentralizado. De acordo com o insider Rafael Fernandez, os produtores da Web3 se concentram no conteúdo como um caminho para o desenvolvimento de um público mínimo viável:
"Esse público se torna um canal para amplificar a mensagem dos criadores (distribuição), uma fonte de novos membros e um canal para reunir recursos da comunidade."
Os casos atuais de mídia Web3 são uma combinação de um token com conteúdo salvo em um armazenamento descentralizado. E este formato, segundo Fernandez, é sustentado por três benefícios principais:
Todas as redes sociais da Web3 são instantaneamente compatíveis com o conteúdo
A autoria do conteúdo pode ser verificada de forma confiável
O conteúdo de propriedade pode ser transferido, comercializado, presenteado ou trocado, ações que antes não eram possíveis
O ciclo de vida do conteúdo e a ligação entre os criadores e suas comunidades estão sendo interrompidos e refeitos, e as novas relações ganham tração a medida em que elas são reveladas nas camadas sociais onchain.
A reconstrução da creator economy implica na reformulação da distribuição, curadoria e engajamento da produção criativa. Parafraseando o investidor cripto Brett Shear, acompanharemos a insurgência de uma Web3 social mais poderosa do que os atuais aplicativos justamente por ela trazer um gráfico social apoiado por conexões proprietárias e genuínas.
"Todos os relacionamentos onchain formados entre criadores, conteúdo e comunidades são relacionamentos baseados em propriedade com valor significativo que podem ser apresentados por qualquer construtor da maneira mais criativa possível e com a melhor experiência do usuário", aposta Shear.
Saiba mais
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