Quebrando a experiência transacional das redes sociais
GM, Block Pointers. Menos sociais e mais comerciais, plataformas veem diáspora de usuários para grupos menores e nichados. Movimento reforçado pela Web3 prevê retomada das conexões significativas
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Hora de restaurar o senso comunitário e criativo
Depois de construir uma plataforma que determina o que seus usuários assistirão, a ByteDance, controladora do TikTok, criou um app para influenciar o que eles compram.
O Lemon8, lançado na Ásia em 2020, ficou disponível nos EUA em fevereiro, e já atingiu pouco mais de 1 milhão de downloads. No início deste mês, figurava no top 10 melhores aplicativos de estilo de vida na loja da Apple nos EUA, de acordo com dados da Apptopia reproduzidos pelo The Business Of Fashion.
Com um feed principal apresentando imagens estáticas e que lembra os primórdios do Instagram, o app foi projetado como um centro de recomendações de produtos com foco em moda, beleza, casa e bem-estar.
Especialistas do setor, segundo o BOF, fizeram comparações com Xiaohongshu, uma plataforma de comércio social na China conhecida por suas orientações de produtos ponto a ponto.
Sem vender anúncios e inserir links para compras, o Lemon8 é configurado para entregar um review chancelado por influenciadores, induzindo a tomada de decisão.
Os usuários divulgam seus produtos favoritos em fotos com texto sobreposto, acompanhados de legendas que explicam de onde são os itens em destaque e por que indicam.
Não haveria um melhor exemplo do que a recente aposta da ByteDance para elucidar a mudança de core business das redes sociais: de conexões entre pessoas para plataformas de negócios impulsionados por influenciadores.
"As plataformas como as conhecíamos acabaram. Elas sobreviveram a sua utilidade."
O fim decretado por Zizi Papacharissi, escritora, pesquisadora e professora de comunicação da Universidade de Illinois-Chicago, consta na oportuna reportagem trazida pelo The New York Times, na última semana, questionando o futuro destas redes: ele é muito menos social.
"Hoje, os feeds do Instagram e do Facebook estão cheios de anúncios e postagens patrocinadas. O TikTok e o Snapchat estão repletos de vídeos de influenciadores que promovem sabonetes e aplicativos de namoro. E, em breve, as postagens do Twitter que ganharem mais visibilidade virão principalmente de assinantes que pagam pela exposição e outras vantagens."
As constatações levantadas por Brian X. Chen, o insider sobre tecnologia de consumo e quem assina a matéria, traduzem a tal da "lógica maluca" que impera no Vale do Silício, e é condenada por Ethan Zuckerman, professor de políticas públicas da Universidade de Massachusetts Amherst:
"Não se trata de escolher uma rede para governar todas. O futuro é que você seja membro de dezenas de comunidades diferentes, porque, como seres humanos, é assim que somos."
A descaracterização das redes sociais e os questionamentos instigados por X. Chen foram ignorados pelas big techs, de acordo com o NY Times.
O Twitter, que responde automaticamente às perguntas da imprensa com um emoji de cocô, não fez comentário algum sobre esta evolução, mesma postura da Meta e do TikTok. A Snap, criadora do Snapchat, disse que, embora seu aplicativo tenha evoluído, conectar as pessoas com seus amigos e familiares continua sendo sua função principal.
Um silêncio constrangedor que só confirma a diáspora de usuários que fogem da ditadura algorítmica em busca de sites e aplicativos voltados para grupos menores e nichados.
APESAR DA MUDEZ, O PRENÚNCIO FEITO HÁ QUATRO ANOS POR ZUCK ( Trecho retirado da reportagem do NY Times)
Em 2019, Mark Zuckerberg escreveu em um post no Facebook que mensagens privadas e pequenos grupos eram as áreas de comunicação online que mais cresciam. Jack Dorsey, que deixou o cargo de executivo-chefe do Twitter em 2021, pressionou pelas chamadas redes sociais descentralizadas que dão às pessoas controle sobre o conteúdo que veem e as comunidades com as quais se envolvem. Recentemente, ele postou no Nostr, um site de mídia social baseado nesse princípio.
Eles também sugeriram a criação de um aplicativo que atua essencialmente como um canivete suíço das redes sociais, permitindo que as pessoas alternem entre os sites que usam, incluindo Twitter, Mastodon, Reddit e redes menores. Um desses aplicativos, chamado Gobo e desenvolvido pelo MIT Media Lab e pela Universidade de Massachusetts Amherst, deve ser lançado no próximo mês.
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Eugen Rochko, executivo-chefe do Mastodon, disse que os usuários publicam mais de um bilhão de postagens por mês em suas comunidades e que não há algoritmos ou anúncios alterando os feeds das pessoas.
Um grande benefício das pequenas redes é que elas criam fóruns para comunidades específicas, incluindo pessoas marginalizadas. Ahwaa , fundada em 2011, é uma rede social para membros da comunidade LGBTQ em países do Golfo Pérsico onde ser gay é considerado ilegal. Outras redes pequenas, como o Letterboxd , um aplicativo para entusiastas de cinema compartilharem suas opiniões sobre filmes, são focadas em interesses especiais.
A restauração do senso de comunidade passa por superar a experiência muito transacional da mídia social.
"Curtir um tweet não é uma conexão humana real e não pode substituir isso. Em última análise, a mídia social é exatamente sobre isso, são fotos, é publicidade, não são conversas e pertencimento. As redes sociais levam você a adicionar o máximo possível de pessoas à sua rede, em vez de promover conexões profundas."
A reflexão sintetiza a história por trás de The Rise of Virtual Communities, o recém lançado livro de Amber Atherton.
O desafio para a empresária britânica e ex Head of Strategic Communities no Discord era "trazer um equilíbrio na interseção de mundos virtuais e construção de comunidades. Quanto menos transacional, melhor."
Os primeiros dias da internet são relembrados pela autora para efeitos de comparação: as comunidades menores provocavam uma percepção de resolução coletiva de problemas. O que pareciam vilas, então, foram transformadas em megalópoles. E a lógica da conexão e atenção foram reduzidas a ações digitais como cutucadas e curtidas.
"Quando penso nas comunidades de antigamente, havia uma espécie de criatividade inocente. Você não estava tentando ser um influenciador. Você estava criando mundos, conquistando o terceiro lugar e se divertindo, saindo e conversando (...) A maioria das plataformas não está levando você a formar conexões significativas ou ser criativo", disse Atherton em entrevista a David Spinks.
THE TWITTER BLUE HANGOVER CONTINUES (Por Ryan Broderick)
Meus dedos grandes e burros deslizaram para o lado errado no Twitter ontem, acabei na guia For You e me deparei com a postagem acima de @fasc1nate. Não verifiquei se é realmente possível caminhar da África do Sul até a Rússia, mas presumo que tudo na Internet seja verdade, a menos que me digam o contrário.
Abaixo da publicação, no entanto, estão as piores e mais inúteis respostas imagináveis, todas empurradas para o topo porque são quase inteiramente de assinantes do Twitter Blue que escrevem coisas como "adoro viajar", "minha esposa está me deixando" e "desculpe, mas não posso responder a tweets porque sou uma AI de modelo de linguagem e não tenho acesso a plataformas de mídia social".
Minha principal observação é que, no geral, essas mensagens se assemelham a qualquer tópico aleatório do Facebook, mas são provenientes de pessoas que estão pagando para usar o site dessa forma. Ou como um usuário do Reddit escreveu recentemente:
“O serviço atrai inerentemente apenas as pessoas que a) se preocupam profundamente com a visualização de suas postagens e b) fazem postagens que inerentemente não são atraentes para outros usuários do Twitter (já que as pessoas com postagens atraentes/interessantes/engraçadas/não estranhas poderiam aumentar naturalmente o público na plataforma, se quisessem).”
Portanto, praticamente todos os single blue check são de esquisitões hiperonline profundamente ruins em postar, apesar de serem obcecados pelas métricas do Twitter.
O cultivo da imaginação e o reestabelecimento das ligações genuínas pedidos por Atherton ganham novas possibilidades com a terceira revolução da internet.
A ascensão da Web3 possibilita uma participação mais ampla dos trabalhos criativos, diluindo as linhas entre criadores e suas comunidades.
Esta seria a solução, segundo ensaio feito pelo VC cripto 1kx, para quebrar os jardins murados que cercam a relação em via de mão única entre marcas/creators e seu público.
"(...) os consumidores finais recebem o produto final – seja música, artigos, episódios de podcast ou arte – com meios limitados para participar do processo criativo."
Reunir-se em grupos não é uma invenção das tecnologias emergentes, como destacou Amber Atherton.
A questão, agora, é compreender por que a Web3 pode potencializar as novas comunidades.
"A tecnologia blockchain permite que as pessoas comprem seu projeto em um sentido muito real. Agora, cada membro dessa comunidade tem uma participação emocional e financeira no sucesso dele. Assim, eles são incentivados a apoiá-lo e desenvolvê-lo."
A resposta da coletânea de insights reunidos pela ZenAcademy, por fim, ajuda a explicar como se dão os relacionamentos simbióticos que funcionam como força motriz destes ecossistemas:
"As pessoas que criam a comunidade são incentivadas a fazer coisas boas para que outras pessoas queiram participar. Isso leva a mais incentivos para crescer e fortalecê-la, levando outras pessoas a quererem se juntar."
Estamos diante de novas premissas e possibilidades para frear o efeito de interfaces de rolagem infinita criado pelas redes sociais para manter os usuários engajados o maior tempo possível.
ATÉ ELES ESTÃO CANSADOS: Creators saturam-se das métricas de vaidade, enquanto movimento go to community ganha força
Quando a Universidade de Harvard, onde Zuckerberg fundou o Facebook em 2004 como estudante, propõe um programa de pesquisa dedicado a reiniciar a mídia social, temos mais um forte indício de que uma revolução já começou.
O Minus é um dos resultados desta iniciativa começada há um ano. O aplicativo permite que os usuários publiquem apenas 100 postagens em sua linha do tempo por toda a vida:
"A ideia é fazer com que as pessoas se sintam conectadas em um ambiente onde o tempo que passam juntos é tratado como um recurso precioso e finito."
Mais uma proposta que transmite a ideia de que “o que nos interessa são grupos menores de pessoas que se comunicam entre si sobre coisas específicas”, conforme bem pontuou Zizi Papacharissi, citada no início desta edição.
Comecem a se preparar para a era em que as futuras comunidades serão construídas para servir as suas tribos.
Direto ao ponto
Nesta sessão, sempre traremos alguns poucos e bons destaques sobre o que está acontecendo neste mercado
ONG carioca fecha parceria para capacitar jovens periféricos em blockchain e Web3
Brasil registra segundo maior fluxo de capital em fundos de criptomoedas do mundo
WAGMI - We’re all Going To Make It
O mantra adotado pelos entusiastas desta tecnologia que expressa boas notícias e tem conotação de que estamos juntos para fazer isso acontecer.
Afinal, conectar, democratizar, construir e pertencer a uma comunidade são os valores que irão nortear nossa jornada
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