Crise da meia-idade
GM, Block Pointers. Impasse existencial em meio à queda de receitas e onda de demissões leva Meta a rever planos para o seu laboratório futurista aos olhos dos investidores céticos
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O AI-verse é a resposta? Eis a questão!
Discover the Mirage é o primeiro capítulo da história por trás da campanha do Coachella 2023. A parte 1 foi divulgada na última semana, apresentando uma welcome box que pode ser digitalizada através da câmera do Instagram.
A ativação dá sequência à parceria entre o festival e a Meta, reforçando as iniciativas de realidade virtual (VR) e realidade aumentada (AR) desenvolvidas pelo Coachella desde 2018.
Na edição do ano passado, a colaboração também envolveu a Rolling Stone. Juntas, as marcas levaram até o deserto a Creator House, espaço que ofereceu suporte para os criadores contarem suas histórias em Indio por meio de ferramentas como Reels, headsets Meta Quest 2 VR e óculos inteligentes Ray-Ban.
A visão do futuro social conectado à realidade virtual teve início em 2021, quando a Meta alçou uma divisão chamada Reality Labs VR e AR, que também pode ser entendida como a precursora do metaverso de Mark Zuckerberg.
E ter um dos maiores festivais de música do mundo como aliado seria uma maneira de difundir a concepção e o produto para o mainstream.
No primeiro teaser de 2023, o Coachella esquiva-se de mencionar as tecnologias envolvidas e não entrega pistas sobre os próximos capítulos.
O que o festival e mãe do Facebook preparam para os fãs no momento em que a Meta registra $ 13,7 bilhões em perdas operacionais para o Reality Labs?
O TAMANHO DO ROMBO DO REALITY LABS
Funcionários: 17.000
Investimento de uma década para o metaverso: US$ 10 bilhões
Receita líquida 2021: US$ 2,27 bilhões
Prejuízo em 2021: US$ 10,2 bilhões
Receita líquida 2022: US$ 2,16 bilhões
Prejuízo acumulado em 2022: US$ 13,7 bilhões
Em outubro de 2022, as ações da Meta chegaram cair 24%
11.000 demissões em novembro, 13% do total da empresa, e o primeiro corte em 18 anos
Os números negativos somados ao anúncio de novo corte de 10.000 empregos arrefeceram a obsessão de Zuckerberg pelo metaverso e seu desejo de liderar a abertura do mundo dos colecionáveis digitais para a creator economy por meio do Instagram.
Enquanto mata silenciosamente o seu metaverso responsável pelo rebranding do Facebook, Zuckerberg flerta com a nova vedete das conversas tech: a inteligência artificial (AI).
Na divulgação dos ganhos trimestrais da empresa no início de fevereiro, as menções para "metaverso" foram apenas sete contra 23 vezes em que AI recebeu citações. A contagem é do portal TechCrunch.
O PROJETO DE LOJAS QUE FOI ESCANTEADO
To Build the Metaverse, Meta First Wants to Build Stores (The NY Times, em 5/11/21)
As discussões sobre as lojas físicas antecederam o rebranding do Facebook em muitos meses, com um trabalho iniciado no ano passado. E o projeto, que ainda está em desenvolvimento, pode não prosseguir, disseram. Mas se a Meta avançar com as lojas, seria a primeira vez para uma gigante da tecnologia que existe em grande parte digitalmente, com mais de 3,5 bilhões de pessoas usando seus aplicativos como Facebook, Instagram, WhatsApp e Messenger.
O objetivo das lojas é tornar o mundo “mais aberto e conectado”, segundo os documentos da empresa vistos pelo The Times. Eles também pretendem despertar emoções como “curiosidade, proximidade”, bem como uma sensação de “bem-vindo” ao experimentar fones de ouvido em uma “jornada sem julgamento."
Nos últimos anos, a Meta experimentou alguns esforços de varejo físico. Abriu quiosques pop-up em aeroportos e uma loja no distrito SoHo de Manhattan para mostrar seus Oculus. Também teve um local pop-up com a Macy's em 2018, com o objetivo de trazer mais pequenos negócios para a plataforma.
A sequência de fatos confirma que o fundador da Meta está fazendo uma incursão pelo campo onde a OpenAI já conquistou um nicho.
Antes de abandonar definitivamente os colecionáveis digitais para o Instagram, Zuckerberg postou no Facebook, em 27 de fevereiro, que a empresa está criando um “grupo de produtos de alto nível” focados em AI generativa, além de construir modelos, ferramentas e experiências baseados em texto e imagem:
“No longo prazo, vamos nos concentrar no desenvolvimento de personas de IA que podem ajudar as pessoas de várias maneiras.”
Antes do anúncio, o grupo achatou sua estrutura organizacional e passou a se concentrar em codificação, design e pesquisa.
Depois de incluir o metaverso na lista de demissões, Zuckerberg preparava o terreno para divulgar seu AI-Verse, como colocou o insider Mohit Pandey.
O LLaMA tem seu próprio modelo de linguagem, e o próximo passo óbvio seria a evolução para um produto semelhante ao ChatGPT.
“Esperamos que liberar esses modelos para a comunidade de pesquisa acelere o desenvolvimento de grandes modelos de linguagem e ajude nos esforços para melhorar sua robustez e mitigar problemas conhecidos, como toxicidade e viés”, disse a postagem do blog oficial.
Curiosamente, a empresa também era uma das líderes no mundo dos chatbots com o ' BlenderBot', que hoje tornou-se uma mera lembrança.
"A Meta lidera o jogo da tecnologia desde que começou como uma empresa de mídia social. Ao adotar tecnologias, adquirir empresas como Instagram e Whatsapp e obter receita com anúncios delas, a Meta mudou para algo como Web3 com metaverso. Mas agora que o entusiasmo pelo Web3 está desaparecendo, parece uma maneira plausível para a empresa avançar para o próximo passo: IA", comentou Mohit Pandey.
Meta está tendo uma crise de meia-idade e a culpa é da visão obsoleta de Zuckerberg - Por Robert Fabricant em especial para a Fast Company ( trechos selecionados pela TBP)
Não é exagero dizer que a visão obsoleta de Zuck para o metaverso é pelo menos parcialmente culpada aqui. Como alguém que começou a estudar e projetar o comportamento do usuário em mundos virtuais há mais de 25 anos, para mim a notícia de que a visão de Meta está falida é bastante familiar e esperada. Na verdade, apesar dos incríveis avanços no poder da computação e da mudança esmagadora em nossas vidas digitais desde aquela época, os desafios que a Meta está enfrentando não são novidades.
Minha experiência sugere que sempre haverá um desequilíbrio fundamental entre a alegria e o deleite que os desenvolvedores experimentam ao criar esses mundos e as experiências relativamente triviais que temos ao navegar por eles. Talvez , os avanços na computação ultrapassem algum tipo de limite (como o Avatar de James Cameron ) quando esses espaços virtuais atingirem uma sensação de beleza e admiração que pode ser transformadora para a experiência do usuário. Mas sempre haverá um problema de estado frio, que é amplificado pelos limites de um ambiente 3D virtual. É preciso muita gente para que esses ambientes não pareçam vazios.
A ambição do Meta, assim como de seus predecessores como o Second Life , é abrangente e envolvente como a própria mídia social – um mundo multiusuário persistente que habitamos continuamente ao lado do mundo físico. Se Meta estiver certa, em um futuro próximo viveremos nossas vidas com um pé no mundo físico e o outro no metaverso o tempo todo, movendo-nos fluidamente entre eles, seja para nos envolvermos com trabalho, educação ou nossos amigos e familiares. Embora os jogos e outras experiências imersivas de VR provavelmente amadureçam em mercados bastante lucrativos, eles não são da escala do Facebook. Não os habitamos totalmente como tantas pessoas fazem com as mídias sociais hoje.
Infelizmente para Meta, a visão de Zuckerberg para o metaverso progrediu surpreendentemente pouco desde os primeiros dias da construção do mundo virtual. Deixando de lado as consequências devastadoras para os indivíduos que acabaram de ser demitidos enquanto Zuckerberg se entrega à construção de seu império escapista (incluindo toda a equipe de tecnologia responsável), é uma verdadeira tragédia ver tantos recursos gastos com tanto ego e tão pouca imaginação.
Ao mesmo tempo em que prega longo prazo para sua nova estrela-guia, Zuckerberg apega-se ao discurso do futuro para tentar apaziguar os investidores céticos que apoiaram o Reality Labs.
A promessa de um novo aplicativo de rede social descentralizada baseado em texto projetado para competir com o Twitter e o Mastodon, e que permitirá que usuários façam login usando suas contas existentes do Instagram, parece dar sobrevida à Web3 dentro da empresa.
Na teleconferência do mês passado em que a pauta inteligência artificial funcionava como um despiste para as perdas significativas da divisão, o CEO viu-se obrigado a dar alguma satisfação:
"Nenhum dos sinais que vi até agora sugere que devemos mudar a estratégia do Reality Labs a longo prazo. Estamos constantemente ajustando as especificidades de como executamos, então acho que certamente veremos isso como parte do trabalho contínuo de eficiência.”
A manifestação subjetiva para o capital privado ver, no fim, é um sintoma de algo maior por trás dos projetos: o dinheiro vem antes da inovação.
Em meio à crise sem precedentes do ecossistema das startups e do fim da bonança do dinheiro dos VCs, a Meta estendeu suas contenções também aos criadores de conteúdos: a empresa está “pausando"o Reels Play.
Lançado em dezembro de 2021, o programa oferecia aos criadores pagamentos mensais caso atingissem determinadas contagens de visualizações e outras métricas.
Os incentivos podiam chegar até US$ 35.000 por mês, e faziam parte de um esforço da Meta para para o tornar o Reels mais competitivo com o TikTok.
Outra mudança que visa estancar a sangria financeira é o lançamento do sistema de verificação paga para Facebook e Instagram.
Vigente, por ora, nos Estados Unidos, o Meta Verified oferece benefícios como um crachá de averiguação azul e acesso direto ao suporte ao cliente. A assinatura custa US$ 11,99/mês na web e US$ 14,99 em dispositivos móveis.
Os resultados financeiros de 2022 confirmaram queda de 1% da receita e diminuição de 38% do lucro líquido. Os dados lembraram que a Meta evoluiu para uma empresa de tecnologia, e precisará "incorporar inovações adicionais para administrar uma organização mais eficiente."
O alerta trazido no memorando divulgado por Zuckerberg no último dia 14 reflete a crise de identidade e a necessidade de retomar as rédeas.
Talvez, a sequência de acontecimentos leve a Meta, ex-Facebook, de volta às origens:
"A Meta está reconhecendo a necessidade de explorar o desejo e revitalizar as redes sociais. Portanto, espere um foco mais forte no desenvolvimento de conexões sociais e ainda mais lançamentos de produtos novos (e caros) em um futuro próximo, à medida que ela retorna ao que originalmente começou: uma rede social", comentou a insider Ashleigh Millar em texto publicado no Midia Research.
Direto ao ponto
Nesta sessão, sempre traremos alguns poucos e bons destaques sobre o que está acontecendo neste mercado
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WAGMI - We’re all Going To Make It
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