Que não seja mais um mercadão de JPEGs
GM, Block Pointers. Vazamento dos planos da Amazon para seu marketplace na Web3 levanta debate sobre como o efeito de rede e product-market fit serão cruciais para o estabelecimento do novo negócio
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Jeff Bezos redefinirá o mercado três décadas depois?
As primeiras pistas sobre como funcionará o mercado da Amazon para produtos digitais sugerem que os usuários podem receber um token depositado em uma galeria hospedada no site oficial da empresa.
A informação consta em um e-mail recebido por Nikhilesh De , editor-chefe do portal CoinDesk, na última sexta, após a renovação automática da assinatura do Amazon Prime Video.
Aparentemente, a mensagem pode ter sido enviada ocasionalmente. O usuário sequer tinha informações sobre o projeto da gigante de tecnologia para Web3, fato noticiado pela primeira vez em janeiro.
O conteúdo também fala sobre oportunidades de revenda, explicando que o token precisaria ser desbloqueado, e o dono da conta se registrar como "revendedor." O link disponibilizado, porém, não funcionava, segundo relatou De.
De acordo com o site especializado em criptografia The Big Whale, o novo marketplace da Amazon será lançado em 24 de abril. O Amazon Mercado Digital, no primeiro momento, estará disponível somente nos Estados Unidos.
O QUE SE SABE ATÉ AGORA
Em janeiro, a plataforma de computação em nuvem da Amazon, a Amazon Web Services, anunciou que trabalhará com a Ava Labs para expandir suas ofertas corporativas de blockchain, embora não tenha havido menção de planos para um mercado de colecionáveis digitais na ocasião.
Segundo o Block Works, existe um foco direcionado para games: fazer com que os clientes disputem jogos criptográficos e reivindiquem colecionáveis digitais gratuitamente.
Ainda de acordo com a publicação, o marketplace estaria definido para funcionar sem a AWS.
A companhia fundada por Jeff Bezos é a mais nova candidata a assumir o protagonismo para levar a Web3 ao mainstream, usando os produtos digitais. Pelo menos, esta é a sensação criada entre os entusiastas da tecnologia.
E a empolgação faz sentido! Afinal, estamos falando sobre uma empresa que acumula mais de 200 milhões de assinantes no seu programa Prime, e tem 197 milhões de usuários únicos mensais no aplicativo.
OS NÚMEROS DA AMAZON
Em 2021, a participação da Amazon em todas as vendas de comércio eletrônico nos Estados Unidos atingiu impressionantes 56,7%
Mais de 310 milhões de usuários ativos em todo o mundo
São mais de 12 milhões de produtos vendidos
Cerca de 70% dos adultos americanos são membros do Amazon Prime ( 148,6 milhões de pessoas).
31% dos adultos dos EUA agora gastam entre US$ 50 e US$ 100 por mês em compras na Amazon
Em 2021, a receita líquida total de vendas atingiu US$ 469,82 bilhões
89% dos consumidores têm maior probabilidade de comprar produtos da Amazon do que de qualquer outro site de comércio eletrônico
A Amazon está entre as maiores vencedoras do Vale do Silício justamente por ter conseguido um efeito de rede colossal para o seu negócio.
Pela lógica de Hamilton Helmer, as economias de rede acontecem em “um negócio no qual o valor percebido por um cliente cresce à medida que a base instalada aumenta”.
Ou seja, quanto mais usuários você tiver, melhor será a experiência e mais você atrairá.
Ainda é cedo para entender, de fato, como a Amazon desenvolverá seu marketplace digital. Até agora, as informações sobre o funcionamento são escassas.
Partindo da premissa que a empresa replicará o mesmo formato do seu modelo de negócio, o quanto ele poderia repetir este efeito de rede de sucesso?
"O fim da extravagância do tudo-vale-10x-porque-JPEG-engraçado desafia os mercados de produtos digitais. Fazer uma parte das transações é menos lucrativo quando elas são menores e em menor número. Para alguns mercados, essa ameaça é existencial. Eles estão tomando as medidas corretas? Essa obsessão com The Next Bull Run como o salvador messiânico da Web3 parece um ponzinomics de longo prazo. Não me interpretem mal: a próxima corrida de touros pode muito bem criar riqueza, inovação e progresso. Mas a promessa de uma bolha especulativa não pode ser a razão de ser de uma indústria."
Este é um trecho retirado do ensaio crítico escrito por Finn Lobsien em que ele "explora o futuro deste mercado, traça paralelos com os sobreviventes do crash pontocom e analisa a viabilidade de diferentes modelos de negócios."
É uma análise densa e muito bem fundamentada que traz uma visão questionadora sobre o hype desta indústria em 2022, e que foi afundada na sequência da quebra da FTX e desbancada, momentaneamente, pela boom da inteligência artificial (AI).
Selecionamos outros fragmentos que sustentam esta edição e são oportunos para debater o quão impactante ou não pode ser a iniciativa da Amazon: teremos, realmente, uma tentativa de entregar os produtos digitais como meios para novos tipos de relações com os usuários, ou é mais um mercadão para listagem e especulação destes ativos?
Primeiro a noticiar a incursão da marca na Web3 em 26 de janeiro, o portal Block Works incluiu a seguinte informação na reportagem:
"Também uma questão em aberto: a extensão total das ambições e objetivos finais da Web3 da Amazon. Se ela pretende competir com empresas como OpenSea e Rarible não está exatamente claro, mas duas fontes disseram que ambas as entidades veriam um lançamento bem-sucedido como uma ameaça substancial."
O ponto levantado pela publicação cai justamente na comparação feita por Lobsien, usando outro gigante de tecnologia e que foi precursor deste mercado: a OpenSea é o eBay da Web3?
"O eBay não apenas declinou, mas também abandonou suas raízes de ser um mercado de colecionáveis de segunda mão. 80% das transações agora são de produtos novos vendidos por vendedores profissionais. Dentro do nosso contexto, esta é a Tese da Transação Primária em ação: uma mudança em direção às transações primárias."
"Um mercado secundário ponto a ponto sob pressão competitiva tornou-se um mercado primário entre empresas e clientes. Acredito que a OpenSea esteja em uma posição semelhante à do eBay: um mercado secundário em funcionamento conquistou a maior parte do mercado, mas reconhece a deterioração das condições e a mudança no comportamento do cliente."
A viabilidade dos produtos digitais, para Lobsien, precisa estar vinculada a experiências, por exemplo. E isso acontecerá, segundo ele, "principalmente por meio de transações primárias, não das vendas secundárias das quais a maioria dos mercados depende."
E este é o principal argumento do autor para mostrar por que a Amazon superou o eBay quando as companhias buscavam disruptar o e-commerce em meio à ascensão da internet nos anos 90.
"Enquanto o eBay reinava supremo no comércio eletrônico, a Amazon redefiniu o mercado. Ela provavelmente não poderia ter derrotado o eBay tentando vencer em seu jogo. Em vez disso, o crescimento da Amazon foi impulsionado por uma percepção de que os mercados on-line podem espelhar os mercados off-line – onde as transações primárias reinam supremas. À medida que isso se cristalizou, o mercado de comércio eletrônico foi redefinido em que o eBay era o seguidor, não o líder - o que permitiu à Amazon capturar a liquidez e ganhar o comércio eletrônico."
Quase três décadas depois, o eBay volta a abrir dianteira no contexto da nova era da internet.
Ao longo de 2022, a empresa fez uma parceria com a OneOf e a Sports Illustrated para uma série de colecionáveis digitais do jogador de hóquei Wayne Gretzky.
O e-Bay também adquiriu o marketplace KnownOrigin, e anunciou um acordo de US$ 295 milhões para comprar a TCGplayer, uma plataforma de tecnologia para produtos digitais.
Em fevereiro, foi a vez da divulgação da colaboração com a Notable Live para entregar a experiência dos colecionáveis digitais aos fãs de esportes.
Com a Amazon entrando no jogo, veremos a história se repetir novamente?
Para o insider o Timothy Mangnall, o enredo do passado de alternância de domínio entre as empresas pode não ser reescrito na conjectura da Web3 por um simples motivo: falta de ajuste do product-market fit.
"Os ativos digitais não se tornarão mainstream até que as marcas, clubes esportivos e organizações comecem a lançar produtos digitais que seus clientes/fãs realmente queiram, com recompensas reais e engajamento real. Mesmo o eBay lançou o seu mercado NFT e isso não impulsionou a adoção. Independentemente da plataforma, se o produto não for bom, não será comprado", ponderou Mangnall.
Neste momento, diante de uma indústria totalmente imatura e ainda desconhecida, é prematuro apontar possíveis vencedores. Se é que eles existem.
A Amazon é mais uma big tech a se aventurar neste mercado, com a ligeira vantagem de ter aprendido, ou não, as lições de uma grande maioria de iniciativas que naufragou ao longo de 2022.
"É difícil prever um mercado onde casos de uso, sentimentos e avaliações mudam. Talvez, os NFTs se juntem aos Beanie Babies, Furbies, Tamagotchis nas fileiras de modismos que podemos olhar para trás e rir de nossa própria imprudência financeira", diz Lobsien.
Precisaremos aguardar até abril para saber se realmente a Amazon entendeu que a Web3 e suas possibilidades vão muito além de meros produtos digitais especulativos no melhor estilo JPEG.
Direto ao ponto
Nesta sessão, sempre traremos alguns poucos e bons destaques sobre o que está acontecendo neste mercado
Elon Musk e executivos de tecnologia pedem pausa no desenvolvimento de IA
Real Digital impulsiona expectativas de democratização de investimentos no Brasil
Rede Globo vai distribuir colecionáveis digitais da novela Todas as Flores do Globoplay
WAGMI - We’re all Going To Make It
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