Podcasts by AI
Apesar de mercado saturado, conteúdos de áudio entram na bolha dos produtos alavancados pela inteligência artificial. De olho na próxima onda do podcasting, Spotify mira anúncios feitos por máquinas
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Como é uma conversa entre robôs?
O Hacker News Recap oferece resumos diários das principais histórias que saem do fórum Hacker News, administrado pelo Y Combinator, uma aceleradora de seed capital para startups iniciantes. Atualmente, está em 31º lugar na parada de tecnologia da Apple Podcasts nos EUA. Na Letônia, ocupa a segunda posição.
Dimitris Nikolaou ainda não sabe explicar por que o programa criado pela WondercraftAI, a empresa que usa inteligência artificial (AI) para construir podcasts, faz sucesso no pequeno país europeu.
“Não tem nada de especial nisso. É o mesmo conteúdo que você encontraria em qualquer outro podcast de tecnologia”, argumentou Nikolaou em entrevista à publicação Wired.
O projeto é uma espécie de prova de conceito (POC) para validar os planos da Wondercraft. E como funciona? Tanto o script quanto o áudio são gerados por AI com base em quaisquer postagens que apareçam no topo do Hacker News, conforme explicou a Wired. A Y Combinator, que é uma das investidoras da empresa, concedeu permissão para o uso de sua propriedade intelectual.
Segundo o banco de dados Podcast Index, existem mais de 4 milhões de conteúdos de áudios em plataformas de streaming. Em um mercado extremamente saturado, haverá espaço para os podcasts desenvolvidos por AI?
“Ouvir o podcast por causa do avanço tecnológico, não adianta. É só tempo perdido.”
A análise concisa é de Hugo, o nome fictício do inventor do Joe Rogan AI Experience , o primeiro podcast AI que usou a voz clonada do host do programa mais popular do mundo. No primeiro episódio, Rogan recebe Sam Altman, o CEO da OpenAI.
Admirador declarado de Rogan, Hugo, de acordo com os relatos da Wired, tem um Patreon para apoiar a produção do programa e recentemente ativou a monetização no YouTube. Ele, porém, não espera fazer renda alguma com o produto, especialmente por estar ciente de que não tem consentimento para usar a voz ou imagem do apresentador real, e que as plataformas de podcasting podem banir esse tipo de personificação.
Os quase 14 mil inscritos no canal no YouTube e as mais de 500 mil visualizações do vídeo de estreia ligaram o sinal de alerta:
Seja qual for a conotação dada por Rogan para "isso está ficando escorregadio, crianças" ao repercutir a reprodução do seu show por meio da inteligência das máquinas, ainda não há como dimensionar se podcasts AI são uma pequena bolha dentro de um mercado crescente de produtos e serviços que se alavancam através desta tecnologia, como bem pontuou o Wired.
Se o público pediu ou não, os programas de áudio via AI não estão restritos ao de Hugo e à Wondercraft, ou de outras startups como ElevenLabs e Podcastle. O assunto também chegou ao Spotify, digamos, de uma maneira mais comercial.
De acordo com declarações feitas por Bill Simmons, fundador do The Ringer, o serviço de streaming está desenvolvendo tecnologia de AI que poderá usar a voz de um host de podcast para fazer anúncios lidos por esse apresentador.
Simmons revelou as informações em um episódio recente do The Bill Simmons Podcast:
“Haverá uma maneira de usar minha voz para os anúncios. Obviamente, você tem que dar a aprovação para a voz, mas ela abre, do ponto de vista publicitário, todas essas grandes possibilidades diferentes para você.”
Como bem lembrou o portal TechCrunch, o Ringer foi adquirido pelo Spotify em 2020, mas não ficou claro se Simmons estava autorizado a falar sobre os planos do streamer nessa área. Antes de compartilhar a notícia, ele comentou: “Não acho que o Spotify vai ficar bravo comigo por isso…”
Procurado pelo portal de tecnologia, o Spotify deu uma resposta genérica, mas não negou o desenvolvimento do recurso.
“O panorama da AI está evoluindo rapidamente e o Spotify, que tem uma longa história de inovação, está explorando uma ampla gama de aplicações, incluindo nosso imensamente popular recurso AI DJ. Houve um aumento de 500% no número de episódios diários de podcast discutindo AI no mês passado, incluindo a conversa entre Derek Thompson e Bill Simmons. A publicidade representa uma tela interessante para exploração futura, mas não temos nada para anunciar neste momento", disse um porta-voz da empresa.
Em fevereiro, a plataforma apresentou uma ferramenta de curadoria de música alimentada por inteligência artificial. O novo AI DJ serve de guia para melhorar a experiência de audição.
“É basicamente a humanização das listas de reprodução já existentes geradas por AI no Spotify”, explicou Kevin Hurler, insider sobre cultura e a ciência da Internet.
A AI que alimenta a feature foi desenvolvida após a compra da Sonantic, uma empresa especializada em geração de vozes artificiais, em 2022.
Enquanto o AI DJ é construído usando uma combinação da tecnologia adquirida com OpenAI, o Spotify também está investindo em pesquisas internas para entender melhor o que há de mais recente em modelos de linguagem.
“Não anunciamos os planos exatos de quando poderemos expandir para novos mercados, novos idiomas, etc. Mas é uma tecnologia que é uma plataforma. Podemos fazer isso e esperamos compartilhar mais à medida que evolui”, explicou Ziad Sultan, chefe de personalização, ao TechCrunch.
PODCASTERS DESBANCAM CRIADORES DAS REDES SOCIAIS
Os apresentadores de podcasts emergiram como as figuras mais influentes que moldam as ações, crenças e decisões de vida das pessoas. E isso pode levar a uma mudança de paradigma na forma como as marcas escolhem os melhores endossantes para seus produtos e serviços.
Esta é a conclusão do estudo feito pela Magna e Vox Media para mostrar como são as conexões profundas entre 2.000 fãs e hosts dos conteúdos de áudio.
75% dos entrevistados colocaram a influência dos podcasters acima dos criadores de mídia social e celebridades convencionais
Quase 90% dos entrevistados da geração do milênio atribuíram aos hosts de podcast a influência de suas crenças
O relatório incentiva as empresas a incorporarem podcasters em seu processo criativo e considerar como os anúncios podem ser relevantes para este público.
70% dos entrevistados “prestam mais atenção aos anúncios de podcast” do que aos da TV ou de seus feeds de mídia social
Mais de 50% compraram um produto ou serviço após ouvi-lo anunciado em um podcast
Depois de o Spotify limar 11 podcasts sob pressão dos investidores, soa até contraditório os esforços atuais para desenvolver novos produtos de áudio.
Por trás do pretexto da contenção de despesas para explicar a demissão de 6% dos funcionários, em janeiro, havia uma tentativa de corrigir a estratégia que absorveu o boom dos podcasts. Em 2019, foram investidos mais de US$ 1 bilhão em redes e serviços de hospedagem.
O recuo, por sua vez, pode ter sido engenhoso para uma entrada triunfal no segundo momento desta indústria.
Quatro anos depois de o Spotify abraçar o mercado, comprando a Anchor e a Gimlet Media, agora, nos deparamos com a próxima onda de fusões do podcasting. É assim que a insider Ashley Carman está chamando o movimento: desta vez, as empresas à venda são estúdios e redes de produção menores.
Em artigo escrito para a Bloomberg, Carman revelou dois negócios recentes seguindo este formato: a Audily, uma produtora relativamente nova especializada em shows, comprou o Rococo Punch, um estúdio independente. Um segundo acordo envolveu a LiveOne, proprietária da PodcastOne, absorvendo a Kast Media, que produz e monetiza programas como The Sarah Silverman Podcast e Whitney Cummings' Good For You.
"Os anúncios consecutivos chegaram em um ambiente cada vez mais desafiador para os podcasters que buscam monetizar seu trabalho, tanto por meio de anúncios quanto por venda de programas para parceiros de produção. As empresas de tecnologia que tradicionalmente gastam mais dinheiro no espaço diminuíram seus investimentos, assim como os anunciantes que, assustados com uma possível recessão, recuaram no marketing", escreveu Carman.
Para se manter à tona, lembra a especialista, os produtores independentes podem ter que se unir e diversificar suas ofertas.
“O novo ecossistema de podcast é muito, muito bom, mas requer um conjunto maior e mais robusto de operações como um lar para criativos”, disse Colin Thomson, fundador e CEO da Kast.
O aplicativo de áudio do New York Times é uma aposta na exclusividade do podcast. Eis por que pode funcionar
Por Annie Langston
Na semana passada, o The New York Times (NYT) estreou seu aplicativo de áudio oficial, o NYT Audio. Depois de criar várias plataformas separadas para jogos e culinária, o áudio é o próximo passo natural na construção de seu império de conteúdo.
O aplicativo de áudio do NYT, que chegou a figurar no terceiro lugar entre os principais downloads da Apple Store, pode atingir dois objetivos: manter a audiência atual e atrair novos ouvintes com uma experiência de consumo única.
O novo produto experimenta a faca de dois gumes da exclusividade de podcast, que pode atrair novos assinantes para uma plataforma, mas corre o risco de reduzir o público potencial de um programa. O Spotify liderou a agenda de exclusividade com vários acordos de talentos de alto nível e aquisições de rede, mas está começando a recuar nessa modalidade.
Atualmente, o app está disponível apenas para assinantes de notícias e acesso total, o que é um valor agregado para os usuários existentes, mas impede que seu conteúdo alcance um público mais amplo. Por outro lado, em ecossistemas abertos de podcast, as redes e os criadores lançam seu conteúdo em todas as plataformas, em vez de torná-lo exclusivo de seu próprio serviço. Isso amplia as oportunidades de serem ouvidos, em vez de forçar os ouvintes a baixar uma nova plataforma ou pagar por uma nova assinatura.
O NYT tem uma marca distinta e um público de podcast estabelecido que pode se beneficiar de sua própria plataforma. Agora, separando seus programas para ampliar a descoberta de conteúdo pode atender melhor seu público e potencialmente aumentar sua posição competitiva no mercado de podcast.
Em tempos de discussões intensas sobre propriedade intelectual e originalidade acerca da AI, a criatividade e as conexões genuínas são o contraponto.
E isso vale para também para o negócio de podcast. Afinal, ele não se baseia só em informações, mas é construído na sequência de uma conversa, muitas vezes, informal.
Não por acaso, Dan Granger, CEO e fundador da Oxford Road, uma agência de publicidade, trouxe um ponto pertinente, imaginando o tipo de transparência que os ouvintes merecem, depois de encontrar as notícias sobre podcasts de AI:
“Embora eu seja um grande defensor da maioria das indústrias alavancando todas as coisas de AI, quando se trata de endosso de talentos, temos certeza de que queremos introduzir algo 'artificial'. A confiança entre um apresentador, seu público e as marcas que ele recomenda é algo delicado. Os endossos pessoais devem permanecer decididamente ineficientes a esse respeito.”
Embora a pesquisadora de podcast Alyn Euritt descreva os ouvintes como“membros de uma comunidade nacional imaginada”, sustentando a ideia de que um robô pode ser suficiente para interagir com eles, o Wired lembra que, no fim, o "meio é definido pela intimidade".
Será que os personagens recriados pela AI para os conteúdos de áudio conseguem manter a mesma atmosfera como se todos estivessem em um papo entre amigos?
Direto ao ponto
Nesta sessão, sempre traremos alguns poucos e bons destaques sobre o que está acontecendo neste mercado
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