Olhos voltados para a Maçã
GM, Block Pointers. Pistas de Tim Cook indicam que VR/AR guiarão o futuro do Apple, tida como a big tech para fazer virar a tecnologia, e convencer a Gen Z, ainda reticente, a impulsionar a adoção
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A mágica para sobrepor o mundo virtual no real
Já são 12 anos à frente da Apple desde a morte de Steve Jobs. Tempo ainda não suficiente para Tim Cook superar o leve desconforto de viver à sombra do antecessor: "Achei que o foco do público na Apple era por causa de Steve. Pensei que a fixação iria embora. E não foi."
Durante os 13 anos anteriores ao cargo de CEO, Cook viu de perto as invenções da Apple definirem uma nova história de comportamento e de cultura para a humanidade.
O então homem de confiança de Jobs para operações e cadeia de suprimentos nunca recebeu qualquer menção pelos Apple I e Apple II , o iMac, o iPod, o iPhone, o iPad, o Apple Watch e os AirPods. Pelo contrário, Cook, às vezes, é ridicularizado como “não um cara de produto."
Gostem ou não, a GQ nos lembra que é este senhor de 62 anos avesso aos holofotes quem residiu o crescimento astronômico do valor das ações e está moldando o futuro da Apple hoje. E por onde ele passa?
Além de contar brilhantemente a história de Tim Cook dentro do atual contexto da companhia, Zach Baron tinha a missão de arrancar do CEO pistas para a capa do último dia 3 da respeitada publicação, mesmo sabendo previamente que o personagem "é uma pessoa muito difícil de se ler."
O repórter, então, foi municiado pelos rumores que surgiram sobre a próxima grande inovação da Maçã: um fone de ouvido, talvez chamado de Reality Pro, com recursos para realidade virtual (VR) e aumentada (AR).
Depois de jogar a isca, Baron ouviu do indecifrável Cook boas respostas como:
“Se você pensar na própria tecnologia com realidade aumentada, apenas para ver um lado da peça AR/VR, a ideia de que você pode sobrepor o mundo físico com coisas do mundo digital pode melhorar muito a comunicação e a conexão das pessoas”,
O apreço de Cook pela "peça AR/VR"não permite cravar que a Apple seguirá este caminho, porém é uma sinalização do rumo que pode ser tomado.
Com Steve Jobs, Cook aprendeu que "se for apresentado a algo novo que diga que você estava errado, admita e siga em frente, em vez de continuar agachado e dizer por que você está certo."
Há alguns anos, quando perguntado sobre a possibilidade de a Apple fabricar óculos nos moldes do Google Glass, um dos primeiros artigos AR, Cook disse ao The New Yorker que era cético em relação ao produto.
"Eles foram intrusivos, em vez de colocar a tecnologia em segundo plano, como sempre acreditamos. Sempre pensamos que iria fracassar e, você sabe, até agora tem acontecido."
Apesar de ter superado a desconfiança em relação aos aparatos AR/VR, a profecia de Cook foi inevitavelmente confirmada.
As vendas de headsets de realidade virtual nos EUA caíram 2% ano a ano, para US$ 1,1 bilhão no início de dezembro, de acordo com o NPD Group.
No mundo, as remessas mundiais destes dispositivos e de realidade aumentada despencaram mais de 12%, para 9,6 milhões em 2022.
O DILEMA DA META
O Quest 2 já existe há alguns anos e, como qualquer dispositivo eletrônico de consumo, perdeu algum apelo à medida que envelheceu. E quando a Meta lançou um novo fone de ouvido VR, o Quest Pro, esse dispositivo custava US$ 1.100 a mais que o Quest 2, deixando-o ainda mais fora do alcance de muitos entusiastas de VR.
Depois, a empresa decidiu aumentar o preço do produto em $ 100, citando as pressões inflacionárias. Leo Gebbie, analista da CCS Insight, disse que a subida do valor foi uma surpresa “dado que a Meta está disposta a vender o fone de ouvido com uma margem tão baixa para tentar impulsionar a aceitação de VR e ganhar uma alta participação de mercado.”
Para 2023, o mundo mira os olhos em direção à Gigante da Maçã, fazendo coro às palavras de Leo Gebbie:
“Se uma empresa tem a capacidade de transformar o mercado de realidade virtual da noite para o dia, é a Apple”
A extrema confiança na primeira empresa trilionária do planeta não se deve somente ao histórico. O perfil de Cook, totalmente oposto aos agentes do caos Elon Musk e Mark Zuckerberg, traz a sobriedade necessária na tentativa de encontrar o produto ideal.
Em meio ao baixo apelo do Meta's Quest e do abandono das iniciativas de metaverso pela empresa de Zuckerberg, Cook esquiva-se de comparações, e relembra a própria história de sucesso da Apple de desafiar o status quo:
“Praticamente tudo o que já fizemos, havia muitos céticos com isso. Se você fizer algo que está no limite, sempre haverá céticos.”
E o sucesso da próxima inovação, seja o pacote VR/AR ou não, precisará responder assertivamente a algumas questões:
“Podemos fazer uma contribuição significativa, de alguma forma, algo que outras pessoas não estão fazendo? Podemos possuir a tecnologia primária? Não estou interessado em juntar pedaços das coisas de outra pessoa. Porque queremos controlar a tecnologia primária, e sabemos que é assim que se inova.”
Soberba e recados atravessados não condizem com a personalidade de Tim Cook. O tom da resposta, que pode ter soado ríspido, é simplesmente uma autoafirmação de quem confia 100% nos próprios processos.
Agora, esta convicção será fundamental para persuadir a nova geração consumidora de que VR e AR podem ser o próximo grande negócio da Apple.
Pesquisa feita pelo banco de investimentos Piper Sandler com 5.600 adolescentes norte-americanos com média de idade de 16 anos descobriu que apenas 29% deles possuíam algum dispositivo com recurso VR, e somente 4 % deles disseram que o usavam diariamente.
SEM CONEXÃO
Só 7% planeja comprar um dispositivo VR no futuro
52% estavam “inseguros ou desinteressados” em adquirir um dispositivo de realidade virtual
“Para nós, o uso morno demonstra que a realidade virtual ainda é ‘primeira vez’ e que esses dispositivos são menos importantes que os smartphones”, concluiu o Piper Sandler.
E como influenciar a Geração Z? Tim Cook tem algumas ideias:
"Criamos tecnologia para que as pessoas sejam capazes de fazer coisas que não poderiam fazer, criar coisas que não poderiam criar, aprender coisas que não poderiam aprender. E quero dizer, isso é realmente o que nos move. Não queremos que as pessoas usem muito nossos telefones. Não somos incentivados para isso. Nós fornecemos ferramentas para que as pessoas não façam isso.”
“VR/AR poderiam capacitar as pessoas a alcançar coisas que não conseguiam antes. Poderíamos ser capazes de colaborar em algo muito mais fácil se estivéssemos sentados aqui fazendo um brainstorming sobre isso e, de repente, pudéssemos obter algo digitalmente para começar a colaborar e criar com ele. E, então, é a ideia de que existe esse ambiente que pode ser ainda melhor do que apenas o mundo real: sobrepor o mundo virtual em cima dele (...)"
A VERSÃO VIRTUAL DO AGORA VOVÔ FATBOY SLIM
Aos 59 anos, o quase sessentão Fatboy Slim atravessou as últimas três décadas para também se render às tecnologias emergentes. No último dia 30, o DJ e produtor apresentou a Eat, Sleep, VR Repeat, a rave virtual criada por ele cujo nome é inspirado em um dos seus maiores clássicos.
A apresentação de 45 minutos aconteceu na ENGAGE, uma plataforma social virtual composta por plazas conectadas que oferecem conteúdos distintos em cada ambiente.
No vídeo abaixo você pode conferir como foi a experiência através de um óculos de realidade virtual MetaQuest, apoiador do evento.
O mantra de sobrepor o mundo virtual em cima do real repetido por Cook ao longo da entrevista desmistifica o injusto rótulo de que ele não tenha o entendimento sobre produto.
É importante lembrar a seus detratores que o Apple Watch e o AirPods foram lançados durante o mandato do CEO, apesar de ele relutar em fornecer sua própria lista de conquistas criativas, conforme relatou Zach Baron.
Da mesma maneira que ele não se vangloria deste feito e de ter reformulado os negócios da Apple, alavancando a linha de serviços, Cook é daqueles que não costumam a apegar-se ao passado. Esta, aliás, é mais uma das lições aprendidas com Steve Jobs:
“Estamos sempre focados no futuro e tentando sentir que estamos na linha de partida onde você pode realmente sonhar e ter grandes ideias que não são limitadas pelo passado de alguma forma.”
DIVERSIFICANDO AS RECEITAS
Sob a gestão de Tim Cook, a companhia incrementou a linha de negócios de serviços, uma categoria que inclui Apple News, Apple Pay, Apple Music e Apple TV +. Esta divisão acabou de estabelecer um novo recorde de receita, arrecadando US$ 20,8 bilhões em seu último trimestre reportado, encerrado em dezembro. “Se você olhar para trás, uma década atrás, os serviços eram uma parte muito pequena", disse Cook. Hoje, eles representam pouco menos de 20% dos negócios da Apple. No ano passado, o CODA, um filme que a empresa comprou em Sundance por $ 25 milhões, ganhou um Oscar.
Ser fiel a não limitar-se ao passado não significa que a história deva ser minimizada. E é justamente no momento em que a Apple mira o futuro, o legado joga uma luz para contribuir com os planos de manutenção da dianteira entre aqueles que ditam o rumo da inovação no mundo.
Enquanto, aparentemente, esconde seus planos para VR/AR, a companhia pode resgatar o icônico Ipod nano.
No último dia 30, a empresa registrou um pedido de patente para um case de AirPods que também reproduz músicas e vídeos.
O novo dispositivo daria aos ouvintes acesso a diferentes aplicativos conectados a partir de uma pequena tela interativa.
A patente em destaque, na verdade, já estava sendo desenvolvida desde 2021, quando a Apple falava em "oferecer aos usuários uma experiência AirPods totalmente nova."
Recentemente, a Samsung divulgou o JBL Tour Pro 2, os fones de ouvido que vêm com um display na case, bem parecido com o que mostra a patente dos AirPods.
A GEN Z É NOSTÁLGICA
A Geração Z reviveu uma série de tendências adormecidas, ressuscitando marcas e estilos que eram populares pela última vez nas décadas de 1990 e 2000. Jeans de cintura baixa, maxi saias, bolsas baguete e botas Ugg são apenas alguns dos costumes que ressurgem em 2023. A reportagem publicada pelo Yahoo! no dia 7 de abril, detalha o que está sendo resgatado.
Os especialistas ouvidos dizem que este saudosismo deriva de uma combinação de fatores como: marcas que usam influenciadores e celebridades atemporais, e ciclos da moda ligados a questões externas, como a economia. Paris Hilton, Britney Spears, Lindsay Lohan, Justin Bieber, Crocs e até o seriado The OC estão entre as referências nostálgicas.
O apego dos Z's ao passado seria um bom prenúncio para a Apple acelerar o retorno triunfal do Ipod sob nova versão?
Quando apresentou pela primeira vez o Ipod, no fim de 2001, Steve Jobs disse que "a coisa mais legal é que você pode levar toda a sua biblioteca de música com você, bem no seu bolso."
Mais de 20 anos depois, a música ratifica sua posição central nas inovações da Apple, preparando o terreno, agora, para uma nova disrupção, seja via headset VR/AR e/ou com a versão contemporânea do Ipod.
O discurso "criar tecnologia para que as pessoas sejam capazes de fazer coisas que não poderiam fazer" não é apenas utopia.
Tim Cook só reafirma o que aprendeu com seu antecessor, e externa a obsessão da big tech por romper paradigmas. Aguardemos os próximos capítulos.
Direto ao ponto
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