Narrativas tokenizadas
GM, Block Pointers. Nouns NFT usa Creative Commons (CC0) para colocar propriedade intelectual em domínio público, e permitir derivações de projetos por qualquer pessoa ou marca
As franquias de conteúdo descentralizadas
Após dez anos de pesquisas e desenvolvimento, a Anheuser-Busch InBev produziu a sua cerveja zero carboidrato. A Bud Light NEXT tornou-se a mais nova integrante da família Bud Light e chegou a tempo do Super Bowl LVI, em fevereiro.
O maior evento esportivo do mundo não era o único pretexto para o lançamento do produto. A cerveja carbo free significava o compromisso contínuo do conglomerado de bebidas com a inovação. E faltava algo mais.
A campanha de divulgação “Zero in the Way of Possibility" mostrava pessoas saindo de várias situações como trabalho, festas… e de uma exposição de arte. Um quadro com um personagem pixelado usando óculos azul ganhou destaque no vídeo.
O item usado pelo avatar em forma de pixels pertence ao projeto Nouns NFT. O par de óculos com armação grossa e quadrada ganhou um NEXT em sua haste, e foi transformado em artigo real entregue às pessoas que adquiriram algum dos 12.000 colecionáveis digitais criados pela marca para celebrar o novo produto. Além disso, os óculos Nouns estampavam as latas customizadas.
Todos os dias um Noun é gerado. Eles são baseados em pessoas, lugares e objetos. A sua escassez é determinada a partir dos acessórios, plano de fundo, óculos e cabeças.
Na semana passada, o Nouns DAO, a organização descentralizada que rege a coleção, aprovou por 16 votos a zero a criação do aplicativo Nouns ao custo de 100 ETH (US$ 190.240,00)
A ferramenta ajudará os usuários a acompanharem os lançamentos a cada 24 horas, além de receberem notificações sobre os Nouns. O app será integrado ao Apple Watch.
Diferentemente dos projetos de profile picture (PFP), o Nouns NFT é constituído a partir do modelo Creative Commons (CC0). E por isso a ativação da Bud Light NEXT envolveu os personagens pixelados e seus óculos.
O CC0 coloca a propriedade intelectual (PI) em domínio público. Não apenas os criadores não reservam nenhum direito para si mesmos, como os detentores do token também não possuem a PI.
Ou seja, qualquer pessoa ou empresa pode usar a marca para criar produtos e negócios.
No momento em que presenciamos a transição para um mundo descentralizado, nos deparamos com narrativas tokenizadas. O autor é a comunidade e a autoria é sem permissão. Para Packy McCormick, advisor da Andreessen Horowitz, estes princípios definem a web3:
“A narrativa tokenizada é a criação de franquias de conteúdo descentralizadas de propriedade de criadores e patrocinadores e orquestradas com tokens”
Apesar de possibilitar o uso dos seus direitos, o Noun não é para qualquer um. O Nouns Fundation ofereceu um colecionável a Bud Light no valor de US$ 394.000 para viabilizar a colaboração. Os personagens pixelados podem ser encontrados por preços acima de US$ 200 mil. A coleção acumula mais de US$ 60 milhões em vendas.
E qual a razão do sucesso de um projeto sem proteção de propriedade intelectual para o criador e comprador?
“Ser um titular-autor de uma história tokenizada significa criar a tradição, memes, rituais e projetos derivados. É quando a qualidade da comunidade se torna verdadeiramente crucial. As formas e a complexidade dessas culturas evoluem”, explicou Sasha Kapustina, cineasta e estrategista de comunicação da Snapp Tonn.
O case Nouns e Bud Light NEXT foi a primeira grande colaboração CC0 com uma marca tradicional. Coleções profile picture como o Bored Ape também concedem a seus titulares os direitos totais, incluindo o uso comercial. A propriedade intelectual, entretanto, segue protegida pelo criador dos macacos entediados.
Outros projetos como o CloneX, que já trouxemos em edições anteriores, dão licenças limitadas aos usuários. O fim comercial tem limite de volume.
Entusiastas do CC0 como o Nouns estão desbravando novas fronteiras e nos indicando um caminho que sustenta as narrativas tokenizadas. É um modelo que não se restringe apenas a colecionadores. Para marcas, é uma potencial ferramenta para construção de comunidades na web3.
Embora careçam de mais aprovações e nos levem à perguntas do tipo ‘como você ganha dinheiro se alguém pode usá-lo?’, os conteúdos descentralizados de propriedade intelectual podem alavancar os próximos grandes projetos, fornecendo outras alternativas além das que usam colecionáveis para desbloquear experiências reais.
“O principal desafio do modelo de negócios CC0 é que desenvolver fandom e reconhecimento de marca é um esforço caro e demorado, e não fazia muito sentido no mundo pré-web3. Desde a invenção da imprensa e dos direitos autorais, o negócio de contar histórias depende da limitação do acesso à propriedade intelectual (PI). Mas a Internet está tornando o controle impossível e os direitos autorais obsoletos. Todo o sistema está pronto para uma revisão. A tokenização fornece um caminho para o criador (proprietário) desistir do controle da PI para uma comunidade de usuários e, em última análise, continuar a ser recompensado”, analisou Sasha Kapustina.
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Momento NGMI - Not Going To Make It
Esse meme é digno de NGMI (mentalidade de quem não vai ser bem sucedido nesse universo). Ainda bem que vocês, Block Pointers, não cometem esses gafes. Aqui somos todos do time WAGMI!
WAGMI - We’re all Going To Make It
O mantra adotado pelos entusiastas desta tecnologia que expressa boas notícias e tem conotação de que estamos juntos para fazer isso acontecer.
Afinal, conectar, democratizar, construir e pertencer a uma comunidade são os valores que irão nortear nossa jornada
Você, Block Pointer, estará dentro da maior transformação desde o surgimento da internet e nos ajudará a construir este futuro
Para isso, disponibilizamos nossa plataforma para que compartilhem suas ideias e experiências dentro da Web3.
The Block Point
Conectando entusiastas à tecnologia do futuro. Somos o agente de informação e o ponto de encontro para todos que participarão desta revolução.
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