Efeito FTX
GM, Block Pointers. Qual o impacto da falência da corretora nos esportes? Detalhamos como os acordos impulsionaram o negócio, e escolhemos dois grandes casos para elucidar as consequências do crash
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O símbolo da queda
‘Criptomoeda’ era a palavra mais buscada por patrocinadores entre 220 categorias, seguida por bancos e fintech. A informação foi mencionado por Bob Lynch , da SponsorUnited, em entrevista ao Sports Business Journal, e referia-se ao período entre agosto e setembro de 2021.
Nesta época, 162 empresas diferentes de cripto e blockchain estavam ativando acordos nos esportes e entretenimento, sendo 65 delas somente nos Estados Unidos.
O SBJ convidou Lynch para repercutir a invasão das marcas de criptoeconomia no segmento esportivo. A manchete da reportagem destacava a FTX como líder entre as exchanges, e procurava entender como ela superava as concorrentes na corrida pelos contratos milionários com esta indústria.
“Estamos meio que ultrapassando nossos acordos iniciais apenas de branding… seja um caminho direto para a receita ou algum compartilhamento de receita criativa, temos que ver ideias únicas e criativos únicos. As pessoas precisam perceber que somos um fornecedor de tecnologia, um fornecedor de pagamentos.”
A explicação acima é de Brett Harrison, presidente da FTX.us até o fim de setembro deste ano.
Naquela ocasião, a corretora já havia desembolsado US$ 350 milhões para assinar com atletas e ligas e adquirir naming rights de arenas.
A tal criatividade mencionada por Harrison transformava o awareness da marca em rápidas e massivas conversões que impulsionaram o negócio da FTX em 2021.
Dois anos após sua fundação, a empresa viu seu valor de mercado aumentar em mais de 850%, com uma avaliação de US$ 18 bilhões
Ao fim do ano passado, o faturamento atingiu US$ 1,02 bilhão, US$ 85 milhões a mais em relação a 2020, e a receita bateu US$ 1 bilhão, com aumento de 1.000%
A FTX somava 1,2 milhão de usuários registrados em suas plataformas, embora não tenha atualizado essa estatística desde o início de 2021. Todos estes dados são do Business Of Apps
No início do segundo semestre de 2022, US$ 2,4 bilhões foram gastos pelas empresas da criptoeconomia em patrocínios. Para os próximos quatro anos, segundo projeção de alguns meses atrás feita pela Nielsen, mais de US$ 5 bilhões seriam investidos por essas marcas em marketing esportivo.
Confira nossa edição de 9 de junho que detalha como os esportes estão sendo usados pela criptoeconomia para massificar seus produtos:
A falência da FTX decretada na última sexta-feira, porém, deve contrariar as previsões. O cenário tomada por incertezas sobre o futuro das parcerias irá impactar drasticamente nas relações atuais e futuras das corretoras com os esportes.
E a The Block Point escolheu dois casos emblemáticos para mostrar a vocês a dimensão do efeito da quebra sobre os longos acordos assinados.
O primeiro deles resgata o colapso do ecossistema provocado pela Luna, a stablecoin da Terra, que firmou um acordo de cinco anos com o Washington Nationals, da Major League Baseball (MLB). Seis meses depois, como a franquia lidou com a situação?
Diretamente relacionado com a FTX, o segundo exemplo traz os bastidores do acordo entre a corretora e o Miami Heat, que rompeu imediatamente com a empresa na última semana. Quais serão os próximos passos do time da NBA e do Miami-Dade, que também participou das negociações?
O PREÇO PARA MELHORAR O ENGAJAMENTO DOS FÃS
Da parte mais nobre, onde ficam as suítes, até a imponente e inconfundível home plate, o Nationals Park, um dos melhores e mais modernos estádios de beisebol da MLB, está apinhado de placas Terra, a blockchain cujo token nativo é a Luna.
Um post no Twitter do Washington Nationals, operador do estádio para 41 mil pessoas, prometia tirar dúvidas de seus torcedores sobre criptomoedas. Conteúdos educativos estão no pacote da parceria.
Só nesta rede social, são 780.000 seguidores. E a grande maioria ficou furiosa com o tweet.
Estes foram alguns dos problemas com os quais o time de Washington DC lidou, em maio, por ter assinado um contrato de cinco anos com a Terra para promover a sua criptomoeda.
O patrocínio firmado em fevereiro rendeu à franquia US$ 40 milhões adiantados, e foi pago com a stablecoin UST nativa da DAO. Na época, ela era negociada a US$ 1. Três meses depois, virou pó.
O time de Washington é conhecido por ser um dos líderes em inovação da MLB. Quando anunciou a parceria, a franquia prometeu um novo tipo de experiência ao torcedor através dos produtos digitais. Uma delas era a compra de ingressos e itens customizados no Nationals Park com a stablecoin até 2023.
Contra vontade da franquia, os planos mudaram.
“O acordo teria ajudado a Terra não apenas do ponto de vista de marketing e branding. Poderia ter ajudado a estabilizar a moeda. O Terra precisava que as pessoas quisessem usá-lo. Se funcionasse, vendiam isso para outras empresas”, analisou Omid Malekan, professor da Columbia Business School e especialista em criptomoedas, para o Washington Post.
Logo após o episódio, o Nationals se viu pressionado, e avaliava os desdobramentos da crise para definir uma rescisão ou se honraria o contrato.
A temporada deste ano da MLB encerrou-se no início de novembro, e o acordo da equipe com a Terra segue mantido, segundo revelou o portal Blockworks.
O protocolo falido da stablecoin não apenas mantém a marca nos assentos e na home plate, como também dá nome ao Terra Club, a área mais luxuosa do estádio, que serve refeições assinada por um chef famoso no pré-jogo.
Neste momento, não há uma indicação se Terra ou o Nationals estão tentando sair do acordo.
O SONHO AMERICANO QUE VIROU UM DELÍRIO DE 20 MESES
A escalada do Bitcoin até o pico de US$ 50 mil no início de 2021 deixou Sam Bankman-Fried extasiado. O fundador da FTX reuniu o time e exigiu um plano que gerasse awareness para a marca. E uma hipótese foi levantada: colocar o nome em um estádio/arena.
Em 2019, o acordo entre Miami Heat e American Airlines já havia expirado, e o condado assumiu o controle dos direitos do nome, garantindo um pagamento anual à equipe da NBA.
A conjunção dos fatos nos leva a 26 de março de 2021, quando todos os 13 comissários de Miami-Dade debateram a aprovação do contrato entre a arena e a FTX.
Como parte do compromisso, o condado gastaria parte dos US$ 135 milhões por 19 anos colocados na mesa pela corretora em medidas contra a violência armada.
O sonho americano da FTX, de Miami-Dade e do Heat não passou de um delírio surreal de 20 meses. Na noite de sexta-feira, a franquia anunciou a ruptura com a exchange, que decretou falência.
Em tom de decepção, o comunicado emitido pelo órgão e pela franquia diz que eles procuram um novo parceiro para honrar o Plano de Paz e Prosperidade garantido pelo acordo original.
As instituições se referem à parte dos US$ 5,5 milhões anuais que começaram a ser pagos em 2022 pela FTX destinados a programas de prevenção de violência.
Ao valor de largada eram acrescidos periodicamente US$ 500 mil até atingir US$ 8 milhões em 2040.
Do montante total, o Heat receberia cerca de US$ 40 milhões, enquanto o condado ficaria com US$ 89,7 milhões ao longo dos 19 anos. Todos os detalhes foram revelados pelo Sportico.
O histórico desconhecido da deep-pocketed startup, como a publicação se referiu ironicamente à FTX, não foi um empecilho para a rápida aprovação.
Apesar de as objeções de Daniella Levine Cava, presidente da Câmara Municipal, dizerem que as somas "excediam significativamente" as estimativas mínimas da administração da empresa, o relatório ganhou respaldo em tempo recorde.
Ao encaminhar a aprovação em uma semana e não apontar “muitas bandeiras vermelhas”, o inspector geral Felix Jimenez disse que o documento "foi limitado devido ao tempo que tivemos para completar a revisão.”
Talvez, a cláusula que garantia o recebimento de US$ 14 milhões dez dias após a assinatura tenha estimulado a rápida apreciação.
O curioso é que, no início, o município não sabia se a parceria seria com a FTX global ou com a empresa criada para cumprir os regulamentos dos EUA. A distinção é importante porque os problemas financeiros da exchange ocorreram com os negócios fora do país. E o acordo sacramentado corresponde à operação americana.
Agora, Miami-Dade e Heat estão assegurados, na teoria, pela cláusula de não cumprimento por parte da FTX, que prevê dois pagamentos de US$ 19,5 milhões, e mais US$ 17 milhões nos próximos três anos.
Enquanto aguarda pelos próximos desdobramentos, resta ao Miami Heat apegar-se ao seu único salvador neste momento: Jimmy Butler, o responsável por liderar a recuperação do time após um início turbulento na NBA.
Direto ao ponto
Nesta sessão, sempre traremos alguns poucos e bons destaques sobre o que está acontecendo neste mercado
WAGMI - We’re all Going To Make It
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