"Economia do streaming musical é desatualizada"
GM, Block Pointers. Presidente do Universal Music condena atual formato, e pede novo modelo para indústria, apontando tecnologias emergentes e melhores conexões entre artistas e fãs como soluções
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Encontraremos os próximos artistas SoundCloud nas plataformas de música Web3?
As It Was, de Harry Styles, liderou o top 10 das faixas mais populares em serviços de streaming de áudio nos Estados Unidos em 2022, segundo o Luminate.
O lançamento via Columbia Records bateu 609,7 milhões de reproduções no ano, número que é inferior aos 627 milhões atingidos por Levitating, de Dua Lipa, o hit mais ouvido de 2021.
Apenas uma canção ultrapassou a marca de 1 bilhão de reproduções anuais de áudio sob demanda nos EUA nos últimos anos: Old Town Road de Lil Nas X, em 2019.
TOP 10 FAIXAS MAIS TOCADAS NO STREAMING DOS EUA EM 2022
Harry Styles, As It Was
Glass Animals, Heat Waves
Future feat. Drake & Tems, Wait For U
Bad Bunny & Chencho Corleone, Me Porto Bonito
Kodak Black, Super Gremlin
Bad Bunny, Tito Me Pregunto
Jack Harlow, First Class
Encanto Cast, We Don’t Talk About Bruno
Steve Lacy, Bad Habit
Zach Bryan, Something in the Orange
As dez músicas listadas acima foram responsáveis por 0,425% de todos os streams de áudio no país no ano passado. Ou seja, menos de um a cada 200 streams.
A análise do relatório de fluxo de streams da Luminate feita pelo portal Music Business World Wide confirma uma tendência: os 10 maiores sucessos nos EUA a cada ano estão se tornando menos populares.
As plataformas carregam mais de 100.000 músicas por dia. O dado, que ajuda a explicar parte da propensão de queda do Top 10, consta na carta anual enviada aos funcionários pelo presidente e CEO do Universal Music Group.
Na mensagem datada de 11 de janeiro e vazada pela Variety, Lucian Grainge faz um alerta: a economia de streaming de música ficou desatualizada e, agora, “precisa evoluir”:
"À medida que a tecnologia avança e as plataformas evoluem, não é surpreendente que haja também uma necessidade de inovação do modelo de negócios para acompanhar as mudanças… No modelo atual, as contribuições críticas de muitos artistas, bem como o envolvimento de muitos fãs, são subestimados."
Além de relembrar a concentração do dinheiro nas mãos das super estrelas - mais de 90% da receita dos streams é direcionada para 1% dos artistas mais ouvidos , segundo a Alpha Data - Grainge questiona o modelo “centrado no usuário”, em que, segundo ele, o dinheiro da assinatura vai apenas para as músicas tocadas por este fã.
Relembre esta edição de 14 de abril, que trouxe os números detalhados sobre o monopólio e a desigualdade na indústria da música:
Este formato, que é distinto à divisão das receitas entre publishers (25%) e gravadoras (75%), também não seria uma resposta para os desequilíbrios encontrados nesta indústria, conforme o executivo explicou na mensagem.
Parte das alegações de Grainge complementam os motivos elencados pela MBW para explicar a tendência de queda de megahits nos Estados Unidos:
Um aumento na audição de catálogos versus audição de música 'frontline'
Crescimento da audiência de artistas emergentes e fora dos EUA
Impulso da quantidade de música sendo lançada e ouvida
Na longa carta, o CEO do UMG não promete uma resolução imediata, porém, sinaliza qual caminho a companhia deve seguir: uma trilha pautada por inovação para "promover um ecossistema musical mais saudável e competitivo."
O NEGÓCIO DA MÚSICA PRECISA DE UM AUMENTO NO PREÇO DO SPOTIFY… AGORA (Por Tim Ingham, fundador da MBW)
O Reino Unido tem streaming pago disponível há cerca de uma década e meia, com o lançamento do Spotify na Grã-Bretanha em 2008, três anos antes de chegar aos Estados Unidos. Em outras palavras, o Reino Unido é um mercado de streaming de música ainda mais maduro, e as tendências emergentes na Grã-Bretanha são um indicador bastante confiável do que está chegando aos EUA nos próximos um ou dois anos.
O crescimento anual do dinheiro gasto em serviços de streaming por assinatura no Reino Unido no ano passado foi menos da metade do tamanho de 2021… e menos de um terço do tamanho de 2018.
Esses números destacam a urgência para os principais detentores de direitos, o Spotify em particular, aumentarem seus preços nos principais mercados.
O Spotify aumentou seus preços Premium Family e Duo no Reino Unido há dois anos, mas até agora resistiu ao fazer mais alterações no preço padrão de £ 9,99 por mês para sua principal tarifa individual Premium.
Esse preço mensal de £ 9,99 está em vigor, inalterado, apesar da inflação, desde 2008 - 15 anos atrás!
Os principais detentores de direitos musicais obviamente não vão gostar dessas estatísticas. Não vamos esquecer que dois deles, Universal Music Group e Warner Music Group, agora são negociados publicamente, com investidores buscando um crescimento significativo a cada ano que passa.
Sabemos que, devido a fatores macroeconômicos, houve uma desaceleração significativa no crescimento das receitas de streaming suportadas por anúncios – aumentando ainda mais a pressão sobre a necessidade de as gravadoras verem crescimento na quantidade de dólares/libra gasta em serviços de streaming de música por assinatura.
Nos últimos anos, a indústria de direitos musicais se beneficiou enormemente de uma espécie de conto de fadas do crescimento do streaming de música.
Se quiser aproveitar outro capítulo desse conto de fadas, precisará ver aumentos de preços de empresas como Spotify em 2023 - e rápido.
Todos os fatos apresentados somados à perspectiva de futuro projetada por uma das maiores empresas deste segmento dão brecha para o tema música e Web3 vir à tona.
Afinal, o mantra do negócio de música na Web3, que usa a tecnologia emergente para estreitar conexões entre artistas e fãs, seja por meio da propriedade ou experiências via produtos digitais, faz coro pelo cenário idealizado pela Universal, sintetizado neste trecho da carta:
“Precisamos de um modelo atualizado. Não é aquele que coloca artistas de um gênero contra artistas de outro ou artistas de grandes gravadoras contra artistas indie ou DIY. Precisamos de um modelo que apoie todos os artistas: DIY, indie e major."
É claro que Grainge fez questão de lembrar que a empresa aventurou-se na Web3 em 2022 para conhecer e testar possibilidades, pensando no longo prazo.
Aproveitando-se do hype em torno do Bored Ape Yacht Club ainda em 2021, o UMP criou a Kingship, uma banda formada por quatro macacos da coleção para exibições no metaverso.
No ano passado, o grupo também foi anunciado como parceiro do LimeWire no retorno da icônica marca dos anos 90 como uma plataforma Web3.
Leia novamente a edição de 12 de julho que mostra a volta plataformas de compartilhamento de áudios dos anos 2000:
"Olhando além da expansão do áudio imersivo, nossa determinação de promover mudanças só vai acelerar este ano. Assim como fizemos com sucesso no passado, estamos colocando em prática as estratégias e os recursos para liderar todos os avanços tecnológicos significativos no horizonte. E cada um desses avanços – da web3 e do metaverso a novos aplicativos para saúde e bem-estar e entrega de música médica – nos permitirá conectar diretamente aos consumidores de maneiras inimagináveis alguns anos atrás e oferecer valor significativo a longo prazo para aqueles fãs, bem como aos nossos artistas, funcionários e acionistas."
Somente replicar o que seria o Gorillaz da nova era da internet, realmente, seria muito pouco para as pretensões do grupo.
Ao longo do ano passado, uma vertical de Web3 foi sendo desenvolvida e, exatamente um mês antes desta carta ser endereçada aos funcionários, o UMG nomeou o ex-diretor de negócios do SoundCloud Alvaro Galbete-Velilla como vice-presidente.
Ao executivo foi incumbida a missão de prospectar e desenvolver oportunidades para Web3, metaverso e negócios digitais, incluindo a aceleração de startups.
Quando fala em oferecer valor profundo e de longo prazo aos fãs um mês depois de trazer um antigo executivo do SoundCloud, Grainge, implicitamente, dá mais uma dica sobre onde ele se inspira para reinventar a indústria.
Post Malone, Kygo, Billie Eilish e Lil Nas X são alguns artistas estourados que começaram a trajetória como meros desconhecidos no SoundCloud.
Isto significava produzir dentro de uma plataforma imune a organizações maiores, publicidade e repostagens em redes sociais, e conviver com o imediatismo do compartilhamento e recebimento de feedbacks de outros artistas e ouvintes.
Por lá, organicamente, a comunidade impulsiona os talentos com seu poder de conexão. Ou seja, a própria música é força motriz integrante do processo criativo.
Os insights em tom de saudosismo foram compartilhados, em dezembro, por Dot, uma produtora emergente que está usando as plataformas descentralizadas para promover seu som.
Após o lançamento de ‘Make Me Believe’ no Sound.xyz, ela questionou: encontraremos os próximos artistas SoundCloud nas plataforma de música Web3?
É provável que Lucian Grainge responda sim.
Na mesma semana em que o UMG anunciou Alvaro Galbete-Velilla, foram expostos os resultados financeiros do SoundCloud referentes a 2021. O relatório diz que a plataforma foi utilizada por 130 milhões de fãs ao lado de 40 milhões de artistas, e mais 320 milhões de faixas disponibilizadas.
Este ecossistema gerou US$ 273 milhões em receitas, um aumento de 19% em relação ao ano anterior.
O volume de criadores no SoundCloud impressiona, e a comparação com o Spotify escancara a evidência: até o fim de 2021, a plataforma líder de streaming musical hospedou conteúdos de 11 milhões de criadores.
As estatísticas consolidam o posicionamento definitivo da marca como um espaço no qual artistas estabelecem conexões diretas com os fãs, assim como almeja o UMG.
A despeito de ser uma plataforma centralizada, o SoundCloud prega um discurso em total consonância com o modelo que está revolucionando a indústria:
"Acreditamos que o próximo grande formato para a música é o fandom. O streaming sozinho não é suficiente financeiramente para a maioria dos artistas. Otimizar e comercializar o fandom será muito importante para destravar um negócio que funcione para a maioria”, apostou Eliah Setor, presidente da empresa.
No embalo das divagações e da pergunta feita por Dot, e considerando todas as informações e fatos apresentados nesta edição, sim, o SoundCloud desponta como o espelho futuro para o Universal Music Group e para nós entendermos o potencial mercado de música Web3 como um novo modelo de negócio para esta indústria.
"Mesmo que os números sejam pequenos agora, nunca subestimo o poder e o valor de ter alguns verdadeiros apoiadores em vez de milhões de ouvintes passivos, e mal posso esperar para ver para onde os novos caminhos podem nos levar ”, frisou Dot.
Direto ao ponto
Nesta sessão, sempre traremos alguns poucos e bons destaques sobre o que está acontecendo neste mercado
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WAGMI - We’re all Going To Make It
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