Dos cards de beisebol aos momentos em vídeos
GM, Block Pointers. Exploramos a missão do futebol para cultivar o hábito de colecionar produtos digitais a partir da história dos cartões comerciais esportivos que remonta ao ano de 1860
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LaLiga e Serie A puxam a fila para a nova cultura dos colecionáveis
Em meados de 1930, a Goudey Gum Company resolveu incluir cartões de beisebol em pacotes de chicletes para atrair jovens compradores. A empresa seguia o padrão da indústria ditado pelo surgimento do beisebol, a partir de 1860. Nesta época, os cartões comerciais esportivos eram colocados em pacotes de doces ou cigarro.
Com a popularização da impressão colorida no fim dos anos 1900, estes cartões tornaram-se febre, sendo entregues nas embalagens como prêmios.
A obsessão pelos colecionáveis foi transformada em um negócio escalável por Sy Berger, na época executivo da Topps e que ficou conhecido como o pai do cartão comercial do beisebol moderno.
O produto criado por ele nos anos 50 era o ancestral dos cards desenvolvidos posteriormente, e que tornaram-se populares entre os adolescentes norte-americanos amantes do esporte.
Considerando a linha de tempo que conta a história dos cards esportivos, hoje estamos na Parallels Era. Este período tem início a partir de 2013, e está sendo conhecido também como uma nova Junk Wax Era (leia mais abaixo):
“Há uma superabundância de cartas raras, e isso significa que nenhuma carta é realmente rara. Além disso, os jogadores desta era ainda estão ativos e jogando, influenciando uma grande flutuação de preços baseada no desempenho atual. Portanto, as cartas desta era são certamente as mais especulativas”, explicou Adam Katz, chefe de pesquisa e conteúdo da Vincent Alternative Investments.
AS OUTRAS ERAS DOS CARDS ESPORTIVOS ( por Adam Katz)
Pre-World War II Vintage (antes 1941): Em função de o beisebol ter sido o esporte dominante nos EUA durante a maior parte do século XX, os cartões da modalidade dominavam o mercado que estava surgindo antes da Segunda Guerra Mundial. Estes cards eram menos para colecionadores, e usados como estratégias de publicidade pelas empresas
Post-World War II vintage (1945-1979): Após a guerra, a Leaf Candy Company, Bowman Gum Company e Topps Gum Company entraram no negócio dos cartões esportivos, levando a uma era dourada nos anos 50. A Topps consolidou-se como a força dominante, apresentando os cartões mais icônicos. É neste período que a geração Baby Boomer começou a colecionar os cartões. Uma vez que não houve ênfase em manter os cartões em boas condições ou vislumbre de que poderiam ser valiosos no futuro, existe uma escassez natural de cartões em bom estado. Nesta época também, outros esportes começam a emitir cards. Em 1948, Bowman lançou a primeira coleção de basquete
Junk Wax Era (1980-1996): Quando os anos 80 chegaram, os Boomers eram adultos com rendimentos. E alguns cartões da infância deles começaram a tornar-se valiosos, o que levou a um boom da indústria. Mais empresas de cartões, como Fleer, Donruss, Score e Upper Deck, entraram no espaço e responderam ao aumento da procura com uma produção excessiva. Além disso, os colecionadores tinham a devida noção do mercado para manter os cartões nas melhores condições
Modern Era (1997-2012): O interesse pelo hobby diminuiu e muitos Gen Xers e Millennials deixaram de comprar cartões esportivos. Entrávamos em um "Inverno de Cartas Comerciais". A partir de 1997, as empresas responderam introduzindo cartões "insert" com tiragens limitadas. Eventualmente, esses cartões, muitas vezes com autógrafos e/ou memorabilia de utilização de jogo, tornaram-se muito procurados. Embora os cards tenham uma escassez natural devido à falta de cartões das épocas que sobrevivem em boas condições, as inserções oferecem uma escassez artificial em função de tiragens limitadas. E isto levou à procura por cartas mais raras
A reedição da Junk Way Era movida por especulação está impulsionando o mercado global de cartões esportivos, que tem previsão de atingir US$ 87,7 bilhões até 2027.
Tidos como Santo Graal para a comunidade de colecionadores, os cards, agora, estão levando a cultura de colecionar para a nova era da internet, e influenciando o futebol, uma modalidade que não cultivou profundamente este hábito ao longo de sua história comparado com os esportes americanos.
Na ultima semana, a LaLiga apresentou seu primeiro projeto de colecionáveis em parceria com a Dapper Labs, a criadora do NBA Top Shot.
Seguindo a mesma proposta do grande case da Web3 que trouxe o inédito formato de colecionar momentos em vídeo, o LaLiga Golazos é a plataforma licenciada por meio da qual os torcedores podem coletar e vender destaques de vídeos do torneio chamados Moments.
“A LaLiga Golazos permite que os torcedores possuam e colecionem jogadas e momentos da LaLiga de 2005 até o presente. Estamos constantemente inovando novas maneiras de aproximar a LaLiga, seus clubes e jogadores de nossos fãs”, comentou Óscar Mayo, Diretor Executivo da LaLiga.
O acesso ao beta fechado será a partir de 27 de outubro. Os torcedores interessados em em adquirir os primeiros pacotes, precisarão se inscrever para garantir um lugar na fila de espera.
Para convencer um público que ainda não está familiarizado com a nova tecnologia, a LaLiga se apega ao seu passado e aos ícones que já fizeram história na Espanha, como Messi e Cristiano Ronaldo.
A narrativa é construída a partir da celebração de memórias históricas proporcionadas por diversos astros, e como o torcedor poderá tê-las eternizadas. Ou seja, é o discurso sobre propriedade e construção de comunidade transmitido em uma linguagem propícia para o fã do futebol.
“Os torcedores poderão possuir um pedaço da história da LaLiga e participar de um novo tipo de comunidade de futebol que os reconhece e recompensa por seu fandom”, disse Jorge Urrutia del Pozo, gerente geral da LaLiga e da Dapper Labs.
O LaLiga Golazos é anunciado no momento em que a Serie A italiana acaba de lançar a sua segunda coleção de momentos em vídeo em parceria com a OneFootball.
Os Momentos de Vídeo Digital Serie A (DVMs) também resgatam lances do passado e apresentam momentos atuais dos jogos do Campeonato Italiano.
No início de setembro, o primeiro lançamento trouxe cinco destaques da rodada de abertura, e incluiu memórias de três jogadores históricos da liga: Marco Tardelli, Marek Hamšík e Andriy Shevchenko.
Foram disponibilizados 20.000 DVMs divididos em três categorias: bronze (US$ 9), prata (US$ 49) e ouro (US$ 249).
“Outros esportes já estão neste espaço. Você pode participar da economia digital possuindo, vendendo e negociando DVMs enquanto organiza uma coleção que mostra seu fandom”, disse a OneFootball.
O colaborador da Serie A é uma plataforma de mídia de futebol que tem uma base de 110 milhões de fãs na web e no celular. Em maio, a empresa levantou US$ 300 milhões para lançar sua vertical de Web3 e “criar novos tipos de engajamento e valor para a comunidade.”
Enquanto as ligas europeias fazem os primeiros testes dos colecionáveis de vídeos, no Brasil, a combinação colecionar + futebol ganha holofotes, especialmente, em ocasiões de Copa do Mundo.
O frenesi causado pelo álbum do Mundial do Qatar da Panini, a despeito do reajuste de 100% do valor dos pacotes, reforça o hobbie do brasileiro pelas figurinhas, mesmo que seja sazonal.
Em pesquisa realizada pela empresa na última Copa, o Brasil foi o país que mais consumiu figurinhas, registrando o dobro do número da Alemanha, a segunda colocada. Dos 1,2 bilhões de envelopes produzidos, 40 milhões eram feitos somente no país.
Inevitavelmente, o primeiro álbum da Copa com figurinhas em forma de colecionáveis digitais surgiu no Brasil, no fim do ano passado, por meio do The CryptoPlayers.
Em sua evolução, o projeto transformou-se em uma plataforma de jogos na blockchain e que entrega experiências, além de oferecer educação sobre a nova tecnologia.
No último fim de semana, um dos membros da comunidade viajou até a Espanha para conhecer o atacante Matheus Cunha, que é parceiro da empresa. Esta foi uma experiência concedida através um sorteio que envolvia proprietários do colecionável do personagem alusivo ao jogador do Atlético de Madrid.
Para o CEO e fundador do The CryptoPlayers Diogo Ruiz, benefícios atrelados a produtos digitais podem ser uma maneira de estimular o hábito na nova era da internet.
“O brasileiro ainda não percebeu a questão da NFT como uma versão virtual de qualquer colecionável. Fazer álbum no Brasil é algo que acontece há muitos anos. É um hobby de criança e de adulto. Mas a chave ainda não virou para a maioria de que vamos viver o mundo virtual. Toda esta história de Web3, NFT e metaverso é uma versão da vida cotidiana no mundo virtual. E como vamos fazer o álbum de figurinha do passado dentro deste mundo virtual? Com as NFTs. Este é o entendimento que falta. Como as pessoas não estão enxergando pelo lado de entretenimento e lazer, a solução é envolver experiência”, comentou.
Além das figurinhas digitais, os colecionáveis em vídeos também foram apresentados ao torcedor brasileiro através da Copa do Nordeste de 2021 e do Campeonato Paulista deste ano.
Os projetos viabilizados pela parceria entre LiveMode e Binance, colocaram à venda os momentos dos torneios em forma de leilão.
Em meio a falta de um hábito tão enraizado que leva à confluência de cultura e colecionismo no futebol nacional, as instituições, clubes e torcedores brasileiros começam a ser impactados, gradativamente, por uma nova tecnologia que promete melhorar as relações com os fãs.
E como promover este costume na internet descentralizada?
Convidamos as lideranças de inovação do Atlético-MG e Vasco, dois dos clubes que puxam a fila no Brasil dos projetos que unem futebol e tecnologia, para responderem a pergunta e fechar esta super edição.
“Estamos vendo o boom das figurinhas no Brasil, onde a questão do colecionável no futebol, talvez, tenha ficado muito restrito à camisa. A figurinha é diferente porque envolve jogo. Quando penso nos NFTs por aqui, temos de fugir do colecionável pelo colecionável e entrar mais no game. Considerando que o Brasil é o segundo país no mundo que consome NFTs de criptogames… Talvez tenhamos a resposta para isso”, opinou Débora Saldanha, Head de Inovação do Atlético-MG.
“Não acho que exista falta de cultura de colecionismo no Brasil. Ele existe e é muito forte, mas está preso ao que é tangível. Nós que vivemos o ambiente de clube, sabemos de torcedores que ficam em contato com os roupeiros para conseguir os uniformes. Ter estes artigos com o acesso avia um NFT, por exemplo, faria mais sentido. Foi o que tentamos fazer com os colecionáveis do Vasco no Campeonato Carioca. Trouxemos para uma realidade de baixo custo para o torcedor ter a experiência da sua coleção digital. Enquanto não tiver uma utilidade prática, que o torcedor consiga tangibilizar, teremos essa barreira. A fase do NFT 1.0, que é a questão da arte, isso para mim já foi. Quanto mais pudermos ter experiências, vídeos, melhor ajudará na adesão”, comentou Gui Neto, Digital Manager do Vasco.
Direto ao ponto
Nesta sessão, sempre traremos alguns poucos e bons destaques sobre o que está acontecendo neste mercado
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WAGMI - We’re all Going To Make It
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