A vez dos tênis cibernéticos
Com a Nike, RTFKT promove cultura dos cyber sneakers, emplaca moda digital e posiciona-se como a marca do metaverso
Qual CryptoKick seu avatar calçará hoje?
No último fim de semana, o Nike Air Force 1 iniciou as comemorações de seus 40 anos, com o rosto de Billie Eilish em uma das campanhas. A silhueta icônica que simboliza a cultura hip hop pode representar o chato e tedioso mercado de tênis contemporâneo na visão do RTFKT (pronuncia-se “artifact”).
Para Benoit Pagotto, um dos três fundadores, empresas como a Nike, sabem que fabricar tênis é caro e, por isso, configuram todo o maquinário para um modelo que apenas muda as cores e faz ajustes simples. É a economia da eficiência e que gera lucros exorbitantes. Concorda?
E por ter enxergado este nicho “bordem”, o RTFKT surgiu em 2020 com seu negócio de tênis virtuais, explorando o real significado da moda digital. Com tecnologia para entregar seus artefatos em NFTs, o objetivo é criar experiências novas e únicas para o público de tênis a partir da web3.
Por ironia do destino, onze meses depois das declarações de Pagotto em um servidor do Discord, a Nike comprou o RTFKT. E na sexta-feira passada, apresentaram a sua primeira colaboração.
Os Nike Cryptokicks, inspirados no clássico modelo Nike Dunk, foram revelados após mais de três meses de espera.
No início de fevereiro, o RTFKT divulgou cubos metálicos giratórios com o Swoosh estampado. O misterioso NFT foi intitulado de MNLTH. Aqueles que adquiriram os colecionáveis, foram convidados a participar de missões com o objetivo de descobrir o conteúdo dentro das caixas. E lá estavam os oito skins personalizáveis.
Skin: tendência de customização dos personagens dos games. Ou seja, agora, o avatar favorito pode ter a roupa, sapatos e acessórios personalizados, representados pelos skins. O RTFKT já tem seus tênis utilizáveis em plataformas do metaverso como The Sandbox e Decentraland
A incursão da Nike na Web3 não se deu a partir da compra da empresa em dezembro do ano passado. Ela remonta a 2019, quando os Swoosh entraram com um pedido de patente nos Estados Unidos para tênis compatíveis com a blockchain. Os CrpytoKicks são os precursores deste movimento.
“Quando um consumidor compra um par de sapatos genuíno, uma representação digital de um show pode ser gerada, vinculada ao consumidor e atribuída a um token criptográfico, em que o sapato digital e o token criptográfico representam coletivamente um 'CryptoKick'”, dizia a patente.
A lógica proposta pela Nike, na época, é seguida pelo RTFKT, que apostou na realidade aumentada (RA) desenvolvida internamente e na estratégia do unboxing (ato de desembalar novos produtos) para viralizar.
Os tênis físicos são acompanhados por um código que libera a versão digital, enquanto as caixas ganham um elemento de RA. Elas funcionam como um rastreador de imagens por meio do qual são ampliadas, permitindo criação de conteúdo a partir do recebimento do produto. A experiência de unboxing, portanto, integra elementos físicos e digitais.
Combinando cultura pop, jogos e Esports, embalados como artefatos de primeira linha, o RTFKT não precisou da Nike para impulsionar o mercado de NFTs com criatividade e inovação e pleitear o título de marca do metaverso.
Ainda em 2020, quando este universo era incipiente nos EUA, a empresa lançou seu primeiro par de tênis digital vendido por US$ 90.000. Posteriormente, criou outros 600 sneakers digitais, que esgotaram-se em sete minutos e geraram receita de US$ 3,2 milhões. Elon Musk estava entre os primeiros compradores dos cyber tenis.
Antes de a Nike fazer a oferta não revelada, o RTFKT havia captado US$ 8,2 milhões em rodada liderada pela Andreesen Horowitz com o empresário e influenciador Gary Vaynerchuk.
A mente criativa dos seus idealizadores transcende os tênis, e o Clone X dá pistas de onde a empresa quer chegar. O novo projeto de arte generativa engloba uma coleção de 20.000 avatares únicos. Eles são humanos que tiveram sua consciência transferida para formas avançadas de clones. As artes foram desenvolvidas pelo renomado designer de moda Takashi Murakami.
Fazer a transição dos tênis para uma geração de avatares simboliza a extensão da marca para o metaverso. É lá que a RTFKT vê o futuro da moda digital. A visão da equipe é sintetizada neste pequeno trecho extraído do ONE37pm:
Embora a moda IRL tenha sido controlada pelos mesmos formadores de opinião por décadas, o metaverso capacitará muitas novas subculturas e estéticas, sem restrições por leis da física, e um modelo de negócios que as marcas de moda IRL deverão seguir. Dinâmico, evolutivo, único e com diversidade ilimitada. Estes são alguns dos exemplos que o metaverso permite para a moda
IRL: expressão que significa “ in real life” , comumente usada na web3 para remeter à vida real
O site do RTFKT diz que, inicialmente, a marca decolaria somente em 2040, porém o desenvolvimento humano acelerou mais rapidamente do que o previsto. A antecipação em 20 anos denota que os artefatos já estão deixando seu legado no metaverso. E nós precisamos acompanhar este movimento.
Para isso, daremos continuidade a esta edição na próxima quinta-feira com Jackson Bridges, consultor de Projetos NFT e estrategista de negócios na Alterrage. Recentemente, ele foi convidado pelo The New York Times para falar sobre moda digital. Bridges trará insights sobre como funciona esta indústria nos Estados Unidos e como ela pode ser explorada pelas marcas por aqui.
Direto ao ponto
Nesta sessão, sempre traremos alguns poucos e bons destaques sobre o que está acontecendo neste mercado
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Momento NGMI - Not Going To Make It
Essa fantasia é digna de NGMI (mentalidade de quem não vai ser bem sucedido nesse universo). Ainda bem que vocês, Block Pointers, não cometem esses gafes. Aqui somos todos do time WAGMI!
WAGMI - We’re all Going To Make It
O mantra adotado pelos entusiastas desta tecnologia que expressa boas notícias e tem conotação de que estamos juntos para fazer isso acontecer.
Afinal, conectar, democratizar, construir e pertencer a uma comunidade são os valores que irão nortear nossa jornada
Você, Block Pointer, estará dentro da maior transformação desde o surgimento da internet e nos ajudará a construir este futuro
Para isso, disponibilizamos nossa plataforma para que compartilhem suas ideias e experiências dentro da Web3.
The Block Point
Conectando entusiastas à tecnologia do futuro. Somos o agente de informação e o ponto de encontro para todos que participarão desta revolução.
Todas as terças e quintas-feiras, às 12:12, de forma simples e fácil de ser entendida, mostraremos as infinitas e ótimas oportunidades que a blockchain traz.
Até quinta
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