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GM, Block Pointers. Entenda o que significa a reforma de nove dígitos do antigo Staples Center para a Crypto.com e o seu impacto em Los Angeles, que almeja ser hub mundial para tecnologias emergentes
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A ‘re-imaginação’ do epicentro global dos esportes e entretenimento
Bruce Springsteen pisou no Staples Center no dia 17 de outubro de 1999 para inaugurar a arena que levava esportes e entretenimento ao então abandonado e deprimido centro de Los Angeles. Com sua E Street Band, tocou por quatro noites.
Nem mesmo o privilégio da escolha para a estreia, honraria que os astros do LA Lakers Shaquille O'Neal ou Kobe Bryant sequer tiveram, impediram as primeiras e meteóricas críticas ao prédio que havia custado US$ 400 milhões e levou 18 meses para ser erguido.
O cantor não aprovou a natureza corporativa do edifício e também queixou-se do som. As ressalvas foram levadas à serio e, logo depois, a arena ganhou um tratamento acústico que custou mais US$ 1,5 milhão.
Duas décadas depois e renomeado como Crypto.com Arena, o icônico espaço ganhará uma reforma de “nove dígitos” liderada pela AEG, dona do prédio, e com a benção da exchange de criptomoedas detentora do naming rights pelos próximos vinte anos.
Repaginar o oásis em plena South Figueroa Street não significa apenas fornecer novas e melhores maneiras para fãs consumirem espetáculos e jogos.
A “re-imaginação”, como está sendo chamada a modificação da arena, insere-se no contexto de uma disputa entre cidades pela liderança global de hub para as tecnologias emergentes.
O lugar que se autoproclama como a capital mundial do esporte e entretenimento, está fomentando uma comunidade movida pela cultura da inovação.
E não há conveniência melhor para a Crypto.com do que fincar bandeiras em Los Angeles, um território que dita tendências globais e dá posicionamento de marca perante um público jovem e rico e que respira novidades.
Com a exchange cripto, a AEG revive a história de quebra de paradigma e de implementação de um novo estilo de vida para LA, que sempre disputou com Nova Iorque o título de trending city do mundo.
A construção do Staples Center remonta ao boom imobiliário comercial do final dos anos 1980 e início dos anos 1990, que acrescentou vários novos arranha-céus ao horizonte do centro da cidade.
Don Meis, um dos três arquitetos responsáveis pelo inédito projeto para a época, idealizou o design do prédio adequado para a cultura de ver e ser visto enraizada em Los Angeles. Com as grandes janelas de vidro, a ideia era provocar ao público externo uma visão cinematográfica das pessoas circulando no interior da arena.
Um dos principais entusiastas da arena foi o empresário petrolífero e ferroviário de Denver Philip Anschutz e seu parceiro de negócios Ed Roski. Em 1995, eles compraram o LA Kings, e vislumbravam um novo local esportivo para ser a casa do time de hóquei.
Levantado com boa parte do capital privado, o Palácio de LA, como foi apelidada a obra, também marcou o início da atual distopia que assola a cidade, onde o real state aproveita-se da especulação imobiliária para obter lucros.
No fim, dez empresas (Home Depot, American Express, Anheuser-Busch, Bank of America, DirecTV, McDonald's, Cingular, Pepsi, Sempra Energy e Toyota) assinaram como parceiros fundadores, comprometendo-se com US$ 2,5 milhões por ano com a contrapartida da exploração comercial do prédio.
Situação distinta do atual modelo de negócio. A Crypto.com apostou no uso dos direitos do nome para posicionar a marca como ditadora de novos comportamentos embalados pela tecnologia em ascensão.
“É apenas o início de nossa parceria de longo prazo e estamos entusiasmados em apoiar o investimento da AEG nesta renovação, demonstrando nosso compromisso conjunto para garantir que o Crypto.com Arena mantenha seu status de ícone global”, disse Kris Marszalek, cofundador e CEO da Crypto.com.
A manutenção de prestígio nunca esteve tão em voga em Los Angeles. No momento em que a cidade convive com o novo SoFi Stadium e o reformado Coliseum, e se prepara para receber, em 2024, a futura casa do Los Angeles Clippers, a reforma da Crypto.com Arena também é a reafirmação de uma reputação construída nos últimos 23 anos.
As melhorias em prol do aprimoramento da experiência dos fãs começam logo nesta temporada, com previsão de conclusão até o segundo semestre de 2024.
Recordam-se de Don Meis, citado no início desta matéria? O arquiteto do projeto original foi escalado para supervisionar a atual reforma ao lado de Ron Turner, que também participou da obra do antigo Staples Center.
A dupla, que hoje trabalha em empresas concorrentes, projetou, com a AEG, as seguintes alterações:
Um novo City View Terrace que abrigará restaurantes e espaço para entretenimento, onde os fãs têm vista para o centro de LA e para a Arena Bowl, ao sul
Novas suítes no saguão principal com vista mais próxima da quadra
Criação do Tunnel Club multinível, que contará com novos espaços de hospitalidade e uma experiência de visualização dos atletas e artistas enquanto entram e saem dos vestiários
Um Chairman's Club expandido que oferecerá a membros de ingressos de temporada e convidados VIP novos benefícios e experiências no local mais privado da arena
Reformulação da suíte presidencial
Duas novas telas de LED na extremidade sul do prédio, entre as camisas aposentadas do Lakers, mais placas de LED no interior e duas novas marquises eletrônicas no exterior
Novas ofertas de restaurantes
Atualização das entradas de nível premium e suíte da arena, dos saguões e dos vestiários dos times
Inquilino mais famoso e que construiu parte de sua história na arena - seis dos 17 títulos aconteceram durante a era Staples Center - o Los Angeles Lakers diz que seus fãs irão se preparar para experimentar um novo tipo de entretenimento na NBA.
“Ter o fã mais apaixonado da NBA em um dos locais mais emblemáticos do mundo, é algo de que nos orgulhamos. As melhorias e atualizações consolidam a arena de Los Angeles como o auge do entretenimento nas próximas décadas”, apostou Tim Harris, diretor de operações comerciais do Lakers.
A futura Crypto.com Arena reforça a implementação de uma cultura mais interativa, que estimula o público a cumprir um novo papel além de ser um mero espectador.
“Os mais jovens que participam de eventos esportivos querem algum tipo de interatividade com as pessoas ao seu redor. Eles não estão interessados em ficar sentados em um só lugar”, explicou Scott Minto, diretor do programa de MBA esportivo da San Diego State, em entrevista ao LA Times.
Pouco menos de um ano depois de ter desembolsado US$ 700 milhões para ter o nome do epicentro dos esportes e entretenimento global nas próximas duas décadas, a Crypto.com mostra que para conquistar o rótulo de marca da tecnologia disruptiva é preciso oferecer mais do que carteiras e vender produtos digitais.
Estamos presenciando um movimento maior que engloba cultura e estilo de vida, influenciando os novos hábitos que definirão o padrão de consumo desta década.
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