A cartilha do Roblox para o Napster 3.0
GM, Block Pointers. Empresa dos anos 90 e startup que colabora com David Guetta, Snoop Dogg, Akon e Ne-Yo usam estratégias de plataformas de jogos para elevar a música na Web3 ao mainstream
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Uma nova possibilidade para a indústria fonográfica
Jon Vlassopulos usava uma camiseta estampada com o famoso gato com fones de ouvido que representa o Napster, quando foi convidado pelo canal de mídia de tecnologia Protocol para uma entrevista no mês passado.
A peça era a mesma que ele ganhou há mais de 20 anos. Na época, enquanto trabalhava para a gigante de mídia alemã Bertelsmann, ele integrou a equipe que investiu na rede de compartilhamento de arquivos com o objetivo de fechar um acordo de paz com as gravadoras.
“Oferecemos um bilhão de dólares à indústria para legitimar o Napster. O negócio não aconteceu, e o Napster foi forçado a fechar”.
A camiseta resistiu ao tempo e aos apelos da esposa de Vlassopulos para que fosse para o lixo. A relutância, talvez, fosse um prenúncio da volta do executivo para comandar a empresa em uma nova era de disrupção tecnológica. O filme se repete, porém, com um novo enredo.
O ex-DJ que ocupava a cadeira de chefe global de música do Roblox topou o novo desafio para liderar a construção do ecossistema de Web3 da famosa plataforma peer-to-peer (P2P) dos anos 90.
Apesar de ter anunciado seu retorno em maio, somente agora o Napster dá mostras de qual caminho seguirá o seu negócio. E quando promove a volta de Vlassopulos como CEO, a empresa sinaliza que a música na Web3 será guiada por estratégias de jogos.
“Irei usar a mesma cartilha metaverso que criamos (no Roblox) e trabalhar com os mesmos jogadores. Sinto-me confiante de que podemos fazer com que a música esteja no mesmo nível dos jogos Web3 nos próximos dois, três anos”, disse Vlassopulos.
O entendimento literal para a projeção feita pelo novo CEO é elevar a música na Web3 ao mainstream.
E para cumprir o objetivo e se tornar a porta de entrada para os fãs, o Napster também busca investimentos.
SkyBridge Capital, Alumni Ventures, Borderless Capital e G20 Ventures estão entre os novos entrantes da rodada, cujo valor não foi revelado. Vlassopulos limitou-se a dizer que é uma captação de oito dígitos.
O Napster também irá investir em startups de música Web3 por meio de um novo fundo de risco, com a possibilidade de adquirir algumas delas ao longo do tempo, segundo informou o Protocol.
“Este é o começo de um mercado multibilionário maciço, então não estamos descartando a possibilidade de levantar uma rodada muito maior em 2023 para alimentar nosso crescimento e financiar aquisições para manter uma posição de liderança neste espaço”.
O retorno do Napster há cinco meses foi viabilizado pela Hivemind, que recentemente ajudou a Limewire a se relançar na Web3, e Algorand, que constrói protocolos de criptomoeda e blockchain.
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Ao serviço de streaming existente, que oferece atualmente mais de cem milhões de faixas, serão integrados tokens utilitários, que, segundo Vlassopulos, são mais do que colecionáveis.
“Coisas simples como perfis começam a se tornar carteiras para artistas e usuários quase da noite para o dia, sem nenhum jargão sofisticado. Você faz login e vê: 'Ah, eu tenho um monte de sacolas de guloseimas no meu perfil.' E com base em 20 anos de dados, achamos que temos uma boa noção do que as pessoas podem gostar e não gostar”, disse o executivo em entrevista à Forbes.
Responsável pela estratégia musical do Roblox desde 2019, quando firmou colaborações com gravadoras, editoras, empresas de gestão, artistas, marcas e startups, Vlassopulos percebeu que o maior valor da plataforma desejado pelos parceiros era a capacidade de conexão com os fãs.
Agora, ele quer criar momentos que possam demonstrar a utilidade da Web3 para a indústria, da mesma forma que conseguiu fazer com que as gravadoras falassem sobre o metaverso depois que Lil Nas X se apresentou no Roblox.
“Os consumidores e a tecnologia estavam pressionando por isso, mas os detentores de direitos e artistas e algumas outras pessoas não estavam necessariamente participando. Agora temos todos os ventos soprando. Os artistas realmente querem isso porque estão fartos da economia das outras plataformas. Os fãs querem porque eles têm um gostinho disso agora em plataformas como Roblox, onde podem se aproximar dos artistas que amam e, ironicamente, agora as gravadoras estão por trás disso.”
A confluência entre música e jogos na Web3 impulsionada pelo princípio de maior interação entre plataforma e público não está no radar somente do Napster.
Depois de levantar cinco milhões de euros em outubro do ano passado, a Stage11 se juntou a David Guetta, Snoop Dogg, Akon e Ne-Yo para criar mundos virtuais de música jogáveis.
A startup francesa já anunciou o primeiro projeto para 2023 com Guetta. Um teaser revelado recentemente mostra a versão do DJ em avatar e o que esperar do The David Guetta Experience, que será lançado em abril.
“Um avatar 3D de alta definição de David levará os jogadores a uma jornada épica de ficção científica na qual você lutará ao lado de seus amigos musicais, incluindo Snoop Dogg, Akon e Ne-Yo. Lembrando que a trilha sonora será um novo set de Guetta também”, explicou a empresa.
Em julho, a Stage11 distribuiu 1.000 colecionáveis digitais para fãs que participaram de uma rifa online. Estes tokens funcionam como passes para futuras ativações.
Os movimentos do Napster e da Stage11 endossam o que Jon Vlassopulos chama de “universo hiper-social e conectado da Web3” responsável por aproximar fãs e artistas.
Na casa dos milhões de assinantes, segundo o executivo, o Napster não teme concorrentes das plataformas centralizadas como Spotify, com seu 188 milhões de assinantes, e a Apple, que acumula 80 milhões.
Para Vlassopulos, as relações mais próximas e o senso de pertencimento a comunidades são vantagens oferecidas pela internet descentralizada que funcionarão como trunfos:
“Muitos dos outros serviços são mais como assinaturas de áudio e, especialmente com a entrada em audiolivros, é realmente uma espécie de assinatura de áudio orientada a commodities. Somos todos sobre música, e os artistas estão no centro da experiência. Queremos reunir a comunidade e permitir que os artistas, com os dados que temos, ativem suas comunidades em torno de coisas como acesso a eventos físicos e experiências digitais”, ponderou o CEO do Napster.
Saiba mais
Disponibilizamos para vocês as duas super edições que já trouxemos sobre o ressurgimento das icônicas plataformas de compartilhamento de música dos anos 90 na nova era da internet.
Caso queira se aprofundar, basta clicar para conferir:
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